Título: SETOR CRITICA BLAIRO MAGGI POR APOIO AO PT
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 15/10/2006, O País, p. 8

Presidente prometeu obras e verbas

SÃO PAULO e CUIABÁ. A decisão do governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), considerado o rei da soja no país, de apoiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno provocou críticas de líderes ruralistas que conduzem o agronegócio. Contrariando não só seus pares como também seu partido, que apóiam o tucano Geraldo Alckmin, Maggi foi pragmático em defesa de seu estado.

O governador matogrossense ouviu do presidente as promessas de concluir a BR-163, de asfaltar a BR-158 e construir usinas e linhões para melhorar o fornecimento de energia elétrica em municípios do Norte do estado. Lula também prometeu R$1 bilhão para o agronegócio.

¿ Lula será melhor para Mato Grosso. Nos últimos anos criamos um canal de negociação com o governo que tem sido proveitoso para o estado ¿ justificou.

Ele disse não temer a ira dos produtores nem do PPS, a quem entregou duas cartas: uma pedindo licença e outra, desligamento. Segundo ele, o presidente do PPS, Roberto Freire, é quem deve escolher uma das duas. Freire, contudo, já disse que Maggi deve ser expulso.

Crítico do apoio, o presidente da Sociedade Rural Brasileira, João de Almeida Sampaio Filho, considerou a decisão do governador ¿triste¿ e ¿surpreendente¿, classificando-a como ¿política do toma-lá-dá-cá¿:

¿ Isso é fruto da política do toma-lá-dá-cá. Sabe-se lá o que foi levado em conta na negociação. Mas é um fato isolado que não representa a opinião do agronegócio.

Para alguns correligionários que tiveram importante participação na reeleição do governador do Mato Grosso, a sua posição tem sido vista como ¿traição¿.

¿ Não estou acreditando no que ouço ¿ surpreendeu-se o prefeito de Ipiranga do Norte, Ilberto Effting (PPS), que ganhou notoriedade em Mato Grosso no começo do ano quando comandou o chamado ¿Grito do Ipiranga¿, ato contra a política do PT para a agricultura. (Adauri Antunes Barbosa e Anselmo Carvalho Pinto)