Título: SANGUESSUGAS: TROCA DE NOMES NÃO RENDE VOTOS
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 15/10/2006, O País, p. 16

Artifício para se desvincularem do escândalo só deu certo para um: Wellington Fagundes, que virou Welinton

BRASÍLIA. Citados pela CPI dos Sanguessugas e respondendo a processo no Conselho de Ética, sete deputados que tentaram a reeleição usaram uma artimanha para tentar se desvincular do escândalo: alteraram seus nomes políticos. Mudaram de sobrenome ou agregaram ao nome títulos de doutores e pastores. Mas a iniciativa só deu certo para um deles: Wellington Fagundes (PL-MT) mudou seu nome para Welinton apenas e se reelegeu, apesar da votação reduzida: 114 mil votos, em 2002; 78 mil nestas eleições.

Desgastados pela acusação de suposto envolvimento no esquema de compra superfaturada de ambulâncias com emendas parlamentares, esses deputados trocaram a identidade política que é registrada oficialmente na Câmara. O caso do deputado Alceste Almeida (PTB-RR) se distingue dos demais. Ele não só acrescentou um Dr. ao nome como alterou seu sobrenome. Ele tentou a reeleição como Dr. Alceste Madeira. Não deu certo. Perdeu dois terços dos votos da eleição anterior e caiu de nove mil votos para três mil este ano.

O deputado negou que tivesse alterado seu nome para não ser vinculado ao escândalo dos sanguessugas.

¿ Todo mundo em Roraima me conhece como doutor Alceste. É que às vezes uso o sobrenome Almeida e às vezes o sobrenome Madeira. Ter meu nome envolvido nessa CPI me prejudicou demais. E sequer tive direito de me defender ¿ disse Alceste Almeida.

Almir Moura concorreu como Pastor Almir Moura

O deputado Almir Moura (PFL-RJ) foi outro que alterou seu nome político. Evangélico, ele concorreu como Pastor Almir Moura. O envolvimento de seu nome no escândalo dos sanguessugas levou sua votação quase à lona. Eleito com cerca de 34 mil votos em 2002, Moura obteve apenas 2.304 votos no dia primeiro de outubro. Uma diferença de mais de 31 mil votos. Ele também nega ter alterado seu nome político por conta do envolvimento no caso das ambulâncias. O deputado diz que sempre concorreu como pastor, mas não é essa sua alcunha política registrada na Câmara.

¿ Não fui eleito porque o PFL tinha me expulsado e tive que recorrer à Justiça para garantir minha candidatura. No Rio, todo mundo sabe que sou pastor há 25 anos. Não foi esse o problema ¿ disse Almir Moura, que é da Igreja Graça de Deus.

Único eleito entre os oito que mudaram de nome, Wellington Fagundes também desconversou. Perguntado sobre porque concorreu com nome diferente do que é conhecido, ele disse:

¿ Ah é?! Não sabia que era esse o meu registro na Justiça Eleitoral. Todo mundo me conhece por Welinton também no meu estado.