Título: CRISE COM PYONGYANG CAUSA DIVISÃO ENTRE PODERES DE SEUL
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 15/10/2006, O Mundo, p. 40

SEUL. Nunca o Executivo e o Legislativo sul-coreanos estiveram tão divididos sobre a melhor maneira de encarar a ameaça nuclear norte-coreana como hoje. Ao contrário do Japão, que imediatamente condenou o teste da Coréia do Norte e determinou sanções econômicas unilaterais, apenas na quinta-feira o Congresso da Coréia do Sul aprovou uma resolução condenando o episódio e, mesmo assim, tanto parlamentares aliados do governo quanto da oposição criticaram o documento.

Os conservadores no governo e no Congresso querem um rompimento total com a Coréia do Norte, inclusive com a suspensão de uma das espinhas dorsais da política atual de aproximação entre as coréias promovida pelo governo do presidente Roh Moo-hyun: o fim do Complexo Industrial de Kaesong, espécie de zona econômica especial em território norte-coreano, onde empresas sul-coreanas se aproveitam da mão-de-obra barata norte-coreana para fabricar produtos de exportação.

E mais: muitos querem que a Coréia do Sul se junte à chamada Proliferation Security Initiative, uma política que tem como alvo interceptar navios norte-coreanos suspeitos de carregar armamentos.

Os progressistas, por sua vez, acham que o país não deve se aliar automaticamente aos EUA ¿ considerados culpados pela crise por conta da pressão exercida sobre os norte-coreanos ¿, mas manter a política de aproximação com Pyongyang pois uma reação mais rude de Seul poderia levar as coréias a um conflito mais grave.

¿ A Coréia do Norte não é um país que se possa abrir só com pressões e sanções ¿ disse Lee Jong Seok, o ministro sul-coreano encarregado de administrar a difícil relação com a Coréia do Norte.

Mas o governo deve ficar atento aos eleitores. Pesquisa realizada pelo jornal ¿Joong Ang¿ anteontem mostrou que 78% dos coreanos acham que o governo deve mudar sua política de aproximação com a Coréia do Norte. (G.S.)