Título: Oposição fala em `operação-abafa¿ e quer vigiar a PF
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Fonte: O Globo, 16/10/2006, O País, p. 3

PSDB, PFL, PMDB e PPS acusam Bastos de blindar Lula no caso do dossiê e sugerem intervenção

Amenos de duas semanas do segundo turno da eleição presidencial, a oposição subiu o tom ontem e acusou a Polícia Federal e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de patrocinarem uma ¿operação-abafa¿ para evitar que o escândalo do dossiê respingue no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os presidentes de PSDB, PFL, PMDB e PPS marcaram, para a tarde de hoje, um encontro em que discutirão medidas para acompanhar de perto as investigações. Uma das idéias é pedir uma espécie de intervenção, escalando representantes da OAB e do Congresso para monitorarem o trabalho dos agentes federais.

Os ataques têm como base reportagem publicada neste fim de semana pela revista ¿Veja¿, denunciando que o governo pôs em prática uma operação ilegal para absolver Freud Godoy, ex-assessor especial de Lula acusado pelo ex-policial federal Gedimar Passos de ter dado a ordem para a compra do dossiê contra candidatos tucanos. ¿Veja¿ publicou um relato de três delegados federais contando que Freud e José Carlos Espinoza, um ex-segurança e amigo de Lula, tiveram um encontro às escuras com Gedimar na sede da PF em São Paulo.

Semana passada, em seu quarto depoimento, Gedimar mudou sua versão e passou a inocentar Freud. Disse que foi coagido pelo delegado Edmilson Bruno, o mesmo que vazou as imagens do R$1,7 milhão apreendido com Gedimar e que seriam usados para comprar o dossiê.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disse que a CPI dos Sanguessugas precisa investigar a informação de que haveria uma ¿operação-abafa¿ em curso, mas ponderou que o Congresso não deve designar apenas um parlamentar para essa tarefa, como desejam o PSDB e o PFL, mas uma comissão equilibrada, com representantes da oposição e do governo.

A reportagem da ¿Veja¿ diz ainda que Thomaz Bastos orientou Godoy assim que o escândalo foi detonado e teria ligado para o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Geraldo Araújo, para perguntar-lhe se o caso respingava no presidente.

¿ O ministro, que deveria ser um eixo de confiança, virou advogado criminalista do governo ¿ disse o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati.

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, afirmou que a ação dos quatro partidos será conjunta e poderá ter vários desdobramentos além do acompanhamento das investigações:

¿ Estas acusações contra o ministro Márcio Thomaz Bastos são gravíssimas. Não é a primeira vez em que ele toma o papel de advogado criminalista de Lula, e não de ministro da Justiça.

Alckmin lembra que descoberta do dinheiro fez 1 mês sem respostas

Em entrevista coletiva em São Paulo, Alckmin lembrou que ontem o escândalo do dossiê completava um mês e voltou a acusar o presidente e o PT de não explicarem a origem do dinheiro que seria usado para comprar documentos que supostamente comprometeriam políticos do PSDB.

¿ Hoje está completando o primeiro aniversário, 30 dias do dinheiro, R$1,75 milhão em reais e dólares. Trinta dias depois, o Lula e o PT não explicam de onde vem o dinheiro. Uma investigação a passo de tartaruga. É só o Lula chamar o seu diretor do Banco do Brasil (Expedito Veloso), seu churrasqueiro (Jorge Lorenzetti), o presidente do seu partido, coordenador da sua campanha (Ricardo Berzoini), o assessor particular (Freud Godoy) e perguntar a eles de onde veio o dinheiro. Isso é um desrespeito à população brasileiro ¿ disse o tucano.

Alckmin também acusou o governo de ingerência na PF na condução das investigações