Título: ALCKMIN TENTA ATRAIR PDT, QUE TENDE A APOIÁ-LO
Autor: Adauri Antunes Barbosa e Maia Menezes
Fonte: O Globo, 16/10/2006, O País, p. 4

Partido também pode optar pela neutralidade, em encontro hoje, no Rio; tucano elogia Cristovam em programa

SÃO PAULO e RIO.O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, aproveitou ontem o Dia do Professor para assediar, mais uma vez, o PDT do senador ¿ e professor ¿ Cristovam Buarque, derrotado nas urnas no primeiro turno das eleições. Alckmin, logo na introdução de seu programa eleitoral de sábado e de ontem, fez uma homenagem a Cristovam, a quem chamou de ¿homem sério e honrado, demitido injustamente, por telefone, pelo presidente Lula¿. Os trezentos integrantes do diretório nacional do PDT, que decidem hoje, no Rio, o rumo no segundo turno, tendem a apoiar Alckmin ou a optar pela neutralidade.

Na semana passada, o tucano enviou uma carta ao PDT, pedindo formalmente o apoio do partido à sua candidatura, comprometendo-se a não privatizar a Previdência caso seja eleito. A reação de Alckmin foi em resposta a uma carta-documento do PDT, que pedia o comprometimento do tucano e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com as metas dos pedetistas.

¿ Eu recebi um documento com as questões da não privatização, do piso de salário para a Previdência, dos direitos dos trabalhadores, da educação e do crescimento. É a minha proposta. Quero ser presidente para isso. E quero o apoio do PDT ¿ disse ontem Alckmin, que gravou cenas para seu programa eleitoral no final da manhã em uma feira livre no bairro Capão Redondo, em São Paulo.

Carta de tucano é ¿mais objetiva¿

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse ontem que considera ¿legítimo e natural¿ o assédio ao partido. Segundo ele, a resposta de Alckmin à carta do partido foi mais objetiva e concreta. Lula preferiu apelar para o histórico de parcerias entre PDT e PT ao longo da vida dos dois partidos. Na última semana, segundo Lupi, cresceu no partido a tese de liberar os filiados no segundo turno. A opção de apoiar o presidente Lula, no entanto, está quase descartada. Caso o partido libere os filiados, Cristovam Buarque deverá optar por Alckmin.

¿ Ele (Cristovam) quer respeitar a vontade da maioria. Mas nem pensa no voto ao Lula ¿ disse Lupi, que considera o PDT vitorioso nestas eleições, por ter trazido a educação para a discussão. ¿ Isso já é uma vitória da gente. Nós somos o único partido que está discutindo programa de governo.

Alckmin fez, no programa eleitoral e na carta endereçada ao PDT, outro afago a Cristovam Buarque. O tucano disse que defende a criação de um piso nacional para os professores da rede pública de ensino, uma das principais propostas para a educação do programa de governo do pedetista.

¿ Nós vamos ter um piso para o magistério do país inteiro para valorizar o professor ¿ prometeu Alckmin, que hoje vai estar no Maranhão em encontros com prefeitos em São Luís.

No Maranhão, os dois candidatos que disputam o segundo turno, Roseana Sarney (PFL) e Jackson Lago (PDT), já manifestaram apoio a Lula. Mas o PDT apóia Alckmin no Paraná (com o candidato a governador Osmar Dias) e em São Paulo.

O candidato tucano não perdeu a oportunidade de atacar o presidente Lula quando foi perguntado por um repórter se o documento de não privatização da Previdência assinado com o PDT era uma resposta aos ataques do PT de que o PSDB é ¿privatista¿:

¿ Não, o Lula, não levo muito a sério. O Lula não tem compromisso com a verdade.