Título: TRÊS CORPOS E PARTES DE AVIÃO SÃO ENCONTRADOS
Autor: Bruno Dalvi
Fonte: O Globo, 16/10/2006, O País, p. 10

Vítimas da queda de bimotor Seneca no litoral do Espírito Santo foram identificadas por dois irmãos do piloto

VITÓRIA. O Departamento Médico Legal (DML) de Vitória identificou ontem três vítimas da queda do bimotor, modelo PA-34, Seneca, pilotado pelo tenente-coronel da reserva da FAB Alduíno Coutinho de Souza, de 48 anos, dono do avião. Os corpos da professora Ronilda Terezinha Oliveira de Souza, de 48 anos, mulher do piloto; de Alduíno Oliveira de Souza, de 26, filho do casal; e da namorada dele, Luana Pimentel Guimarães Santos, de 25, foram reconhecidos pelos irmãos do piloto, Danilo e Adilson Coutinho.

Ainda não foram encontrados o piloto, o outro filho dele, Rafael Oliveira de Souza, de 24, e sua namorada, Fátima Campos Lopes, de 26. O avião caiu no litoral do Espírito Santo na noite de sexta-feira.

Assentos e documentos também achados na praia

Os corpos encontrados estavam dilacerados e foram localizados na areia da Praia de Manguinhos, um pequeno balneário do município da Serra, na Grande Vitória. Durante a madrugada de ontem, moradores da região avistaram as duas mulheres e ligaram para a polícia fazer o recolhimento dos corpos. Já o rapaz foi achado pelo Corpo de Bombeiros, no final da manhã. Também foram encontrados os assentos do avião, parte da fuselagem, o plano de vôo e a carteira de habilitação do tenente-coronel. O material foi levado para o quartel da PM, em Vitória, com roupas e outros objetos pessoais das vítimas. Tudo será periciado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). As buscas recomeçam hoje.

¿ Se não encontrarmos a aeronave como um todo, os motores e a parte do painel central, será praticamente impossível chegar a uma conclusão sobre as causas do acidente ¿ afirmou o tenente-coronel Marcos Aurélio Salgueiro, designado pela Anac para coordenar as investigações sobre o acidente.

Segundo ele, as condições climáticas no litoral do Espírito Santo podem ter contribuído para a queda do bimotor. O tempo estava nublado, com pancadas de chuva de grande intensidade na área em que o avião se encontrava quando perdeu contato com o controle de tráfego aéreo.

Ontem, na casa da mãe do piloto, em Vila Valqueire, na Zona Oeste, onde mora toda a família, as irmãs do tenente-coronel, Leila e Mariane Coutinho, disseram que não esperam mais encontrar ninguém com vida. Segundo elas, a família decidiu que todos serão enterrados no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. A família da jovem Luana, que namorava Alduíno Filho, também decidiu que ela será enterrada com o namorado.

¿ O traslado será feito assim que documentos pendentes no Rio chegarem ao Espírito Santo. Queremos liberar os corpos o mais rápido possível ¿ contou, em Vitória, Danilo Coutinho.

Segundo Leila Coutinho, seu irmão é um piloto experiente e já planejava comprar um jatinho. Ela contou que o sonho de ser piloto veio da infância, quando ele acompanhava o trabalho do pai, também piloto da FAB. Leila disse ainda que Alduíno cursou a faculdade de odontologia e chegou a oficial. Ao mesmo tempo, ele fez curso de piloto na aviação civil. Agora na reserva, o tenente-coronel fazia trabalhos particulares e costumava viajar pelo Brasil em seu avião modelo PA-34 Seneca.

Anac diz que bimotor e piloto estavam regularizados

O bimotor decolou de Conselheiro Lafaiete (MG), na sexta, após passar por uma revisão. Em seguida, pousou no aeroporto de Jacarepaguá, no Rio, onde o tenente-coronel buscou a família. Às 14h, o grupo partiu rumo a Vitória (ES), permanecendo no aeroporto Eurico Salles das 16h46 às 19h37m. A previsão era que o bimotor chegasse às 21h30m a Porto Seguro (BA), onde a família planejava passar o fim de semana. No entanto, por volta das 19h50m, 13 minutos após decolar da capital capixaba, o avião perdeu o contato com a torre de comando.

Em nota oficial, a Anac informou que os documentos do bimotor e do piloto estão em ordem. A licença de capacidade física do tenente-coronel foi expedida pelo Centro de Medicina Aeroespacial, no Rio, e é válida até dezembro.

* Especial para O GLOBO

COLABOROU Ana Cláudia Costa

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