Título: ALCKMIN: APURAÇÃO DE DOSSIÊ ANDA COMO TARTARUGA
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 17/10/2006, O País, p. 9

Tucano reclama de demora da PF para revelar origem do dinheiro encontrado com petistas

SÃO PAULO. Um mês depois de descoberta a negociação envolvendo petistas na compra do dossiê contra tucanos, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, criticou ontem a demora para que se revele a origem do dinheiro usado na negociata. Como faz diariamente, o tucano retomou a contagem de dias que se passaram desde que o dossiê se transformou no tema do debate eleitoral.

¿ As investigações vão a passo de tartaruga. O governo Lula poderia começar explicando: 31 dias depois ¿ já comemorou o seu primeiro aniversário ¿ ninguém diz ¿ e Lula não explica¿ de onde veio o dinheiro. Estão escondendo. Mas nada se sustenta sobre a mentira. Nenhum governo se sustenta sobre a mentira ¿ disse Alckmin.

O possível monitoramento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Congresso quanto à denúncia de que o governo, sobretudo o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, teria interferido na investigação da Polícia Federal, segundo a revista ¿Veja¿, é uma medida aprovável, na opinião do tucano.

¿- É uma segurança para a sociedade. A PF é uma boa polícia, mas o PT está escondendo. Foram indevidamente na polícia e tiraram o preso da cela para acertar um depoimento. Estão escondendo a verdade do povo ¿ disse Alckmin.

Ele referia-se à denúncia de que Freud Godoy, ex-assessor da Presidência, esteve na PF em São Paulo para acertar com Gedimar Passos um novo depoimento, que o inocentaria. Gedimar mudou o primeiro depoimento depois de receber a visita de Freud na cadeia. Ao ser preso, Gedimar informou que negociou o dossiê ¿a mando de Freud¿. Ouvido pela segunda vez, alegou que foi pressionado pelo delegado Edmilson Bruno a dar o nome de um membro da executiva do PT.

Com a estratégia do PT de explorar as ações da facção criminosa de São Paulo, Alckmin disse não temer que o debate eleitoral seja focado na segurança nem ser acusado de complacência com o crime:

¿ Vou debater tudo o que for de interesse do povo. Segurança pública é um tema importante e vamos liderar esse trabalho. Não sou omisso. Não corto dinheiro de segurança. O PSDB pôs na cadeia todos os membros da facção. Não tem ninguém famoso que não esteja preso ¿ disse, evitando polemizar com o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais).

¿Deixa o Lula falar que eu respondo¿, diz Alckmin

No domingo, Tarso dissera que ¿a complacência com o crime e o fato de uma facção criminosa tomar conta de parte do estado são uma questão ética mais grave que o dinheiro para a compra do dossiê¿. Alckmin, porém, minimizou:

¿ Deixa o Lula falar que eu respondo ¿ disse.

O candidato do PSDB afirmou que a campanha do adversário adotou a estratégia do medo apara atacar sua candidatura ¿ em 2002, na campanha presidencial de José Serra, os tucanos diziam ter medo de um governo do PT. E disse que a campanha de Lula tem sido focada em colocar no ar mentiras contra sua candidatura, principalmente no que se refere ao projeto Bolsa Família.

¿ O programa está sendo usado como moeda de troca na eleição. E a campanha inteira dele (PT) é sobre o medo, dizendo que o adversário poderia acabar com o bolsa Família ¿ disse Alckmin, assegurando que, se eleito, não extinguirá o projeto.