Título: PRESIDENTE DA VALE REBATE LULA: PRIVATIZAÇÃO FOI BOA
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 17/10/2006, O País, p. 9

Na Bolsa de Nova York, Agnelli diz que venda beneficiou governo e sociedade

NOVA YORK. ¿A Vale jamais estaria na posição que está hoje se fosse estatal¿, disse ontem o presidente da empresa, Roger Agnelli, em resposta às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em entrevista ao GLOBO semana passada, disse que não teria privatizado a companhia.

A ocasião era particularmente favorável para o executivo demonstrar sua tese. Todo o comando da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) esteve em Nova York para uma reunião com analistas de Wall Street, na qual foram apresentados os resultados positivos da companhia. Agnelli foi bombardeado por perguntas sobre a concretização da compra da canadense Inco, que tornará a Vale a maior empresa de níquel do mundo:

¿ Pagamos os impostos, remuneramos adequadamente os acionistas, o Tesouro não teve mais de injetar dinheiro na Vale. Em termos gerais, tanto para o governo quanto para a sociedade brasileira, a privatização da Vale foi muito positiva.

Segundo ele, a companhia triplicou a produção em todas as áreas de atuação em menos de cinco anos. De acordo com os dados apresentados aos analistas, entre 2001 e 2006, o valor de mercado da CVRD passou de US$9 bilhões para US$55,8 bilhões, com recorde de US$66,8 bilhões em 9 de maio de 2006.

¿ A Vale multiplicou ¿n¿ vezes o volume de investimento, melhorou a eficiência, se abriu, aumentou muito o número de empregos e fornecedores.

Ressaltando seu respeito por Lula, o executivo atribuiu as declarações dele a necessidades político-partidárias e disse que o presidente não se referiu ao caso específico da CVRD. Reconheceu que a boa fase da economia internacional ajudou a empresa, mas lembrou que poucas empresas do mundo conseguiram o mesmo resultado.

¿ Estou muito tranqüilo que a privatização da Vale foi boa para o país, para a companhia e para as regiões onde a empresa atua ¿ repetiu.

Pela sexta vez, Agnelli esteve em Nova York para participar do Dia da CVRD na Bolsa de Valores. A bandeira brasileira foi hasteada no prédio e o comando da empresa se apresenta ao mercado. Agnelli tocou o sino para encerrar o pregão e, depois, respondeu às perguntas sobre política de jornalistas brasileiros, americanos e canadenses. Sobre as perspectivas de mudanças depois da eleição, disse que o desafio será fazer a economia crescer.

¿ A receita todo mundo sabe qual é, falta implementar.

Para ele, o novo governo terá de fazer as reformas política e da Previdência, reduzir a carga tributária e modernizar a máquina do governo:

¿ Foi feito um bom trabalho de preparação do ambiente, mas agora, seja Lula ou Alckmin, o importante é botar o Brasil num ritmo de crescimento maior do que o realizado até agora.