Título: EUA REVÊEM PLANO DE ATAQUE À CORÉIA DO NORTE
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 17/10/2006, O Mundo, p. 26

Segundo jornal sul-coreano, em vez de invasão por terra, Washington estaria planejando bombardeio maciço do país

PEQUIM. Citando fontes militares chinesas, o jornal sul-coreano ¿The Korea Times¿ publicou uma reportagem em que diz que os EUA estão revisando um antigo plano de guerra para a Península Coreana criado em parceria com o Ministério da Defesa da Coréia do Sul, caso o esforço diplomático para desnuclearizar a Coréia do Norte não surta efeito ou os norte-coreanos realizem novos testes.

O plano prevê uma gigantesca ofensiva aérea para destruir fábricas e depósitos suspeitos de produção de armas de destruição em massa em território norte-coreano, descartando, pelo menos num primeiro momento, ofensivas terrestres.

¿De acordo com o projeto, os EUA estão estudando neutralizar a capacidade nuclear da Coréia do Norte com um maciço ataque aéreo¿, diz o jornal em sua versão online. O Comando Combinado de Forças dos EUA e da Coréia do Sul já tem um plano de guerra, conhecido como Oplan 5027, mas que previa avanços terrestres para conter soldados norte-coreanos com armas convencionais.

¿No plano revisado, aviões de combate americanos e bombardeiros, como os caças `invisíveis¿ F-117A Nighthawk e F-15E, conduziriam `ataques cirúrgicos¿ em fábricas de armas de destruição em massa, campos de treinamento e prédios de comunicação e serviços de inteligência em vez de tropas avançando por terra¿, diz o jornal.

Segundo o Oplan 5027, os EUA se comprometem a enviar até 690 mil soldados, 160 navios e 1.600 veículos aéreos em até 90 dias a partir de um conflito na península. As autoridades dos EUA e da Coréia do Sul não se pronunciaram sobre o plano.

Mas a diplomacia continua ocupando o centro das atenções na região. O Japão anunciou que a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, os chanceleres do Japão, Taro Aso, e da Coréia do Sul, Ban Ki-moon, vão se encontrar em Seul quinta-feira. Ontem, Condoleezza partiu numa viagem que a levará a Japão, Coréia do Sul, China e Rússia.

¿ Esperamos que cada membro da comunidade internacional implemente todos os aspectos da resolução ¿ disse ela. ¿ A Coréia do Norte não pode tornar o mundo mais perigoso e esperar que os outros países continuem fazendo negócios normalmente com ela em relação a armamento.

Condoleezza também frisou que o país não deve realizar um segundo teste.

Satélite mostra preparativo para segundo teste nuclear

O governo dos EUA disse ontem que a China começou a controlar a sua fronteira com a Coréia do Norte.

¿ Os chineses estão começando a parar caminhões na fronteira entre os países e a inspecioná-los ¿ disse o subsecretário de Estado, Nicholas Burns.

O governo americano confirmou oficialmente ontem que a detonação do dia 9 foi nuclear. Segundo a inteligência dos EUA, a explosão, no entanto, foi considerada pequena, de menos de um quiloton.

Imagens de um satélite americano, feitas ontem, indicam que o governo da Coréia do Norte provavelmente já iniciou os preparativos para um segundo teste nuclear.

¿ As imagens que recebemos do governo americano mostram uma atividade intensa de caminhões e de funcionários do governo, num claro sinal de que os preparativos já começaram ¿ disse um diplomata da Coréia do Sul.

Com agências internacionais