Título: LULA E ALCKMIN ELOGIAM NEUTRALIDADE DO PDT
Autor: Ismael Machado, Cassio Bruno e Valeria Maniero
Fonte: O Globo, 18/10/2006, O País, p. 8

Petista diz que partido tomou decisão sábia ao liberar filiados; tucano afirma que terá apoio da maioria dos pedetistas

RIO E BELÉM. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que considerou sábia a decisão do PDT de se manter neutro no segundo turno, liberando o voto de seus filiados. Apesar do elogio, ele demonstrou que gostaria de ter o apoio explícito dos pedetistas, por causa do ¿passado em comum¿ das duas siglas (o líder pedetista Leonel Brizola foi candidato a vice de Lula, na eleição presidencial de 1998). O PT temia que o PDT decidisse apoiar o tucano Geraldo Alckmin.

¿ É sempre muito difícil qualquer partido ter controle dos votos dos eleitores. Por isso a decisão do PDT foi sábia. O próprio PDT já passou por essa situação algumas vezes e entendeu que é melhor liberar militantes do que fazer a pregação do voto nulo ou em branco ¿ disse Lula.

Alckmin: ¿Eu gostaria muito de ter o apoio do Cristovam¿

Ao comentar a decisão do PDT, Alckmin disse ontem que deverá ter o apoio da maioria dos pedetistas. Segundo o tucano, líderes do PDT ¿ como o deputado federal eleito, Paulinho Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (PDT), o senador Jefferson Péres (AM) e o ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa ¿ já lhe telefonaram para dizer que estão na campanha.

¿ O PDT tinha alguns líderes que defendiam apoio ao Lula. Eles resolveram abrir a questão. Mas acredito que a maioria ficará conosco ¿ disse Alckmin, que fez questão de elogiar o senador Cristovam Buarque (DF), candidato à Presidência pelo PDT no primeiro turno: ¿ Eu gostaria muito de ter o apoio do Cristovam, mas não quero lhe criar um constrangimento. E não diminui a minha admiração. Tenho apreço e respeito. Acho que ele fez uma coisa muito importante no Brasil, que foi colocar a questão da educação com a devida importância.

Depois de ter feito campanha anteontem nas ruas de São Luís, Alckmin participou ontem de caminhada em Bangu, na Zona Oeste do Rio, ao lado do prefeito Cesar Maia. Para o prefeito, os votos do pedetista deverão ser transferidos para Alckmin:

¿ Acho que o eleitor não acompanha os partidos, mas o perfil dos seus candidatos. Infelizmente, a política é dos personagens. O eleitor de Cristovam acompanha Alckmin, não tenho dúvida. O perfil do Alckmin é do Cristovam, não é o caso dos eleitores de Heloísa Helena, que nós temos de ir atrás. Acho que um partido político não conduz o voto.

Deputado eleito sob investigação no palanque

Em Belém, onde comentou a decisão do PDT, o presidente Lula participou anteontem à noite de um comício que, segundo a Polícia Militar, reuniu cerca de 20 mil pessoas. Ele dividiu o palanque com o deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA), com o senador José Sarney (PMDB-AP) e com o petista Paulo Rocha ¿ que este ano renunciou ao mandato de deputado federal para não ser cassado, por ter recebido dinheiro do valerioduto. Nestas eleições, foi eleito novamente. Também participou do comício a senadora Ana Júlia Carepa, candidata do PT ao governo do Pará, que disputa o segundo turno contra o tucano Almir Gabriel, da coligação Unidos pelo Pará (PSDB-PFL).

Ainda estava no palanque de Lula o deputado federal eleito José Roberto Oliveira Faro, o ¿Beto da Fetagri¿. Ex-presidente da Fetagri, Faro foi preso pela Polícia Federal há dois anos na Operação Faroeste, acusado de envolvimento em um esquema de grilagem de terras e extração ilegal de madeira. O processo está sob apreciação da Procuradoria da República de Santarém. A coligação de Gabriel pediu ao TRE a cassação do diploma de Faro, por captação ilegal de votos e distribuição de brindes, condutas consideradas ilícitas pela legislação eleitoral.

(*) Do EXTRA