Título: SE NÃO VAI CORTAR GASTOS, LULA AUMENTARÁ IMPOSTOS¿
Autor:
Fonte: O Globo, 18/10/2006, O País, p. 11

Aliança nenhuma (com Garotinho). É um apoio, muito obrigado. Não tenho nenhum compromisso, a não ser com as coisas do país¿

O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, acha que o Brasil está diante de uma ¿armadilha fiscal¿ e que não tem alternativa: ou faz um ajuste das suas contas ou vai ter que obter novos recursos para se financiar: ¿Se o Lula diz que não vai cortar gastos, então vai aumentar os impostos¿. Em quase duas horas de entrevista ontem no GLOBO ¿ o presidente Lula foi entrevistado na quarta-feira passada, em Brasília ¿ Alckmin manteve o tom de críticas duras ao governo. Pela primeira vez fez referências ao empréstimo de R$5 milhões da Telemar ao filho de Lula, e disse que não vê problema em que os adversários usem sua família na campanha: ¿Sou um homem público¿, disse o tucano. Ele estava acompanhado da filha, Sophia, que usava um casaco da Daslu, butique onde trabalhou, o que é motivo de críticas dos petistas. Mas esse não foi o maior problema causado por uma filha durante a entrevista: enquanto conversava com os colunistas do GLOBO no plenário do jornal, Clarissa, a filha de seu novo aliado Anthony Garotinho, atrapalhava a entrevista gritando palavras de ordem num carro de som na porta do GLOBO. Foi preciso que um assessor descesse e pedisse que a jovem parasse a gritaria. ¿Eu não estou ouvindo as perguntas¿, reclamou Alckmin. Sobre Garotinho, o tucano repetiu que apoio não se recusa e que não tem aliança, nem compromisso com o ex-governador. Reiterou que não vai fazer privatizações e atacou o que chamou de ¿mentirobrás¿ do PT.

Durante quase duas horas, Alckmin citou seis vezes a sua terra natal, Pindamonhangaba (que chama apenas de Pinda). A citação mais longa a uma pessoa foi a seu pai. Os ex-governadores Mário Covas e Franco Montoro, já falecidos, também mereceram lembranças do candidato, bem como o ex-presidente Fernando Henrique. Fora do mundo político, a única citação foi ao sociólogo e historiador Sergio Buarque de Holanda.

Alckmin foi entrevistado pelos colunistas Ancelmo Gois, Jorge Bastos Moreno, Míriam Leitão, Merval Pereira, Tereza Cruvinel e pelo diretor de Redação do GLOBO, Rodolfo Fernandes.