Título: ALIADOS FORMAM TROPA DE CHOQUE PRÓ-LULA
Autor: Maria Lima e Raquel Miura
Fonte: O Globo, 18/10/2006, O País, p. 16

Estratégia é espalhar a idéia de que a oposição quer pôr em xeque o resultado das urnas ao suspeitar da PF

BRASÍLIA. Dirigentes e líderes do PT e dos partidos aliados decidiram ontem formar uma tropa de choque para defender a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e reagir aos ataques dos adversários, que criticam a demora na investigação sobre a origem do dinheiro destinado à compra de um dossiê contra os tucanos. A estratégia é convocar governadores, prefeitos e parlamentares para disseminar o discurso de que a coligação PSDB/PFL tenta pôr em xeque o resultado das urnas ao suspeitar do trabalho da PF.

A tática dos defensores de Lula inclui ainda críticas ao programa de governo tucano e uma visita ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para reafirmar a confiança na isenção da Justiça nas eleições.

Discursos nas tribunas da Câmara e do Senado

Em reunião ontem com o presidente do PT e coordenador da campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, os presidentes de PSB, Roberto Amaral; do PCdoB, Renato Rabelo; e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), representante da ala governista do partido, disseram que vão levar seus parlamentares a Brasília para que usem as tribunas da Câmara e do Senado para criticar a postura de tucanos e pefelistas.

A campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) acusa a PF de protelar as investigações sobre a origem do dinheiro destinado à compra do dossiê. Aliados de Alckmin pediram que o TSE amplie a investigação de uma suposta operação-abafa para proteger Freud Godoy, ex-assessor de Lula.

¿ Essa é uma norma na antiga política brasileira: os que perdem no campo eleitoral tentam o campo da fratura, da institucionalidade. Isso é perigoso, não faz bem à democracia. Nosso antídoto para qualquer tentativa de criação de terceiro turno, de quarto turno, de instabilidade, é fortalecer a eleição do presidente Lula ¿ disse Amaral.

Rabelo reafirmou que o discurso contra os tucanos continuará focado nas privatizações e nos programas sociais:

¿ É curioso que o candidato da oposição tome emprestado o nosso programa. Ele jura que não vai privatizar nada. Mas isso não é o programa deles, é o nosso. Valem mais os gestos do que a fraseologia.

Depois do encontro com os aliados, o presidente do PT foi à Câmara dos Deputados, onde se reuniu com líderes petistas. Representantes do partido disseram que farão uma vista ao TSE para tentar impedir a ¿desestabilização do processo democrático¿.

¿ Diremos ao TSE que respeitamos as instituições. Evidentemente, isso é para disputar com a oposição (que entrou com ação no TSE) no que entendemos ser uma ação um tanto afoita e condicionada aos resultados não-favoráveis a eles, para que eles acatem e não transformem a disputa eleitoral em três turnos ¿ disse o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

O PT decidiu entrar na Justiça contra a revista ¿Veja¿, que esta semana traz reportagem sobre uma suposta operação para inocentar Freud Godoy do escândalo do dossiê.

¿ O movimento que a revista faz, acompanhada pelos partidos de oposição, é para tentar desestabilizar o processo eleitoral. Não permitiremos ¿ disse o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).

¿No tapetão não vão levar¿, afirma Garcia

Garcia voltou a afirmar que o PT e seus aliados não permitirão o que chama de ¿vitória da oposição no tapetão¿.

¿ Há o claro propósito de frustrar a tentativa de setores da oposição que vêem que vão perder a eleição e querem resolver a eleição no tapetão. No tapetão não vão levar.