Título: LÍDER DE DELEGADOS DA PF NEGA OPERAÇÃO-ABAFA
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 18/10/2006, O País, p. 17

Oposição recebeu Sandro Avelar porque esperava que ele revelasse interferências na investigação

BRASÍLIA. A oposição passou ontem por um constrangimento ao ouvir o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Sandro Torres Avelar, afirmar que não há qualquer operação-abafa na investigações sobre a origem do R$1,7 milhão que seria usado por petistas para comprar o dossiê contra tucanos. A saia justa ocorreu no gabinete do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). Avelar pediu audiência com integrantes da oposição e os líderes oposicionistas criaram expectativa de que ele denunciaria a interferência política nos trabalhos da PF. Mas o tiro saiu pela culatra.

Na audiência, Avelar pediu apoio para um projeto de autonomia da PF e manifestou preocupação com o delegado Edmilson Bruno, que vazou as fotos do dinheiro apreendido. Mas disse que não há perseguição:

¿ O delegado Bruno é um homem sério e correto, mas não podemos afirmar que há perseguição, seria leviandade.

Em momento algum, Avelar pôs sob suspeita o trabalho da PF, para surpresa de Jereissati e do deputado Roberto Freire (PE), presidente do PPS. Também participou da reunião o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).

Antes do encontro, a oposição estava convencida de que Avelar criticaria a interferência na investigação da PF do escândalo do dossiê. Jereissati chegou a transferir uma visita que faria ontem ao diretor da PF, Paulo Lacerda, para ouvir Avelar. O encontro com o delegado foi intermediado pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).

¿ Temos acompanhado com preocupação a visão de que a Polícia Federal não trabalha com isenção. Não há operação-abafa, a PF é uma instituição séria e os prazos da investigação são normais ¿ disse Avelar.

Freire ainda tentou explicar a posição de Avelar.

¿ Ele não podia declarar algo que fugisse aos seus deveres funcionais. Ele veio trazer uma preocupação, que é a nossa, de que o delegado Edmilson Bruno corre risco de perseguição política. (Gerson Camarotti)