Título: OPOSIÇÃO PEDE À OAB QUE FISCALIZE AÇÃO DA PF
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 18/10/2006, O País, p. 17

Partidos querem que TSE investigue Thomaz Bastos por suposta operação-abafa e Lula por acordo com Blairo

BRASÍLIA. Líderes e dirigentes do PSDB e do PFL formalizam hoje na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) o pedido para que a entidade acompanhe e fiscalize a investigação da Polícia Federal sobre a origem do dinheiro que seria usado por petistas para a compra de um dossiê contra tucanos. Na estratégia de manter diariamente a ofensiva contra o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a oposição protocolou ontem no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um pedido de investigação de supostas irregularidades praticadas pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e integrantes da Polícia Federal na suposta operação-abafa para proteger o ex-assessor presidencial Freud Godoy, como denunciou a revista ¿Veja¿ na edição desta semana.

A representação, feita ao ministro-corregedor do TSE, César Asfor Rocha, também pede nova investigação sobre o presidente Lula por suposta prática de crime eleitoral e cooptação do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi.

¿O governador mudou a versão¿, diz Tasso

A oposição alega que Blairo declarou apoio formal a Lula após receber garantias de liberação de verbas para o agronegócio.

¿ O governador mudou a versão, mas o que ele disse está nos jornais. O poder que as pessoas têm de se desmentir é uma coisa impressionante ¿ disse o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), em referência ao R$1,7 milhão que seria usado na compra do dossiê e cuja origem ainda não foi esclarecida pela Polícia Federal.

O presidente do PSDB também rebateu a acusação de que a oposição estaria tentando desestabilizar o processo democrático, como pregam os dirigentes petistas e aliados de Lula desde o fim de semana. Segundo os petistas, tucanos e pefelistas não querem aceitar o resultado das urnas:

¿ Nós estamos vendo a desestabilização do país por causa do uso de dinheiro criminoso durante esta eleição ¿ afirmou Tasso.

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), que acompanhou Tasso Jereissati na visita ao TSE, defendeu o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno, que confessou o vazamento das fotos do dinheiro destinado à compra do dossiê às vésperas do primeiro turno da eleição.

¿ O erro foi da Polícia Federal, porque esse foi o único episódio em que não foi dada publicidade para apreensão de dinheiro. O delegado está sendo perseguido. O que ele fez foi adotar aquilo que a PF estava fazendo como regra ¿ afirmou Freire.

Além de Tasso e Freire, estiveram no TSE o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, e o líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN). O corregedor do TSE, segundo Jereissati, não informou se vai ouvir o ministro da Justiça, contra quem a oposição pede investigação sobre supostas irregularidades cometidas na investigação do dossiê.

Tasso informou ontem que pretendia ter hoje também um encontro com o diretor da Polícia Federal (PF), Paulo Lacerda. Essa reunião, no entanto, não havia sido confirmada até ontem à noite.

A estratégia dos tucanos e dos pefelistas é não dar folga ao presidente Lula e aos petistas sobre o escândalo do dossiê. Tanto na campanha de Alckmin no horário eleitoral gratuito quanto nas tribunas da Câmara e do Senado, a tática é tentar desgastar Lula e seus aliados ao máximo com a pergunta que mais incomoda o petista: de onde saiu o dinheiro para a tentativa de compra do dossiê contra tucanos?

Alckmin será sabatinado hoje na OAB de Brasília

A oposição sabe que é investindo nesse terreno que terá sua maior oportunidade de fragilizar a candidatura do presidente Lula, que ampliou sua vantagem sobre Alckmin, na pesquisa Datafolha, divulgada ontem pelo ¿Jornal Nacional¿, da TV Globo. Hoje, antes de os dirigentes da oposição se reunirem com a OAB, Alckmin participará de uma sabatina na sede da entidade, em Brasília.