Título: MINISTRO DEFENDE A PF SEM SE REFERIR AO DOSSIÊ
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 18/10/2006, O País, p. 18
`As instituições têm que ser de Estado para termos confiança de que não são manipuladas¿
BRASÍLIA. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, rebateu ontem, mais uma vez, as denúncias da oposição de que a Polícia Federal e ele próprio montaram uma operação para inocentar o ex-assessor do Palácio do Planalto Freud Godoy das acusações de envolvimento na compra frustrada do dossiê contra políticos do PSDB. Sem citar nomes nem fazer referência direta ao caso, Thomaz Bastos aproveitou solenidade no Ministério da Justiça para reafirmar a independência da PF, enfatizando que a polícia deve estar serviço do Estado e nunca de governos.
Em seu discurso, disse que a democracia requer instituições sólidas e merecedoras da confiança da população:
¿ Têm que ser instituições de Estado, assim como as suas réplicas estaduais têm que ser igualmente instituições de Estado, de modo que possamos ter confiança de que não são manipuladas. Ter confiança de que não são usadas para atender aos interesses eventuais dos governos, porque pairam acima deles, porque são mais do que eles, são diferentes deles, e só respondem ao Estado e à sociedade.
O ministro discursou no lançamento do ¿Diagnóstico Ministério Público dos Estados¿, primeiro estudo sobre a estrutura e as condições de trabalho de promotores e procuradores de Justiça. Em sua defesa do governo Lula, Thomaz Bastos citou a atuação do Ministério Público Federal. Lembrou que os dois procuradores-gerais da República nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ¿ o atual Antônio Fernando Souza e o anterior, Cláudio Lemos Fonteles ¿ foram indicados pela categoria, sem nunca terem sofrido pressões do governo, segundo o ministro.
¿Temos orgulho do trabalho em relação ao MP Federal¿
Ele afirmou que os procuradores-gerais da República devem continuar sendo nomeados com base em critérios de excelência e da vontade da categoria, sem espaço para manobras políticas.
¿ Temos orgulho do trabalho que foi feito em relação ao Ministério Público Federal nesses quatro anos de governo. Os dois procuradores indicados, expoentes da classe, foram indicados a partir da classe, respeitando a vontade da classe, de modo que não se lhes pediu que fizessem nada, a não ser ter o compromisso de servir ao Estado, à sociedade e à nação. Isso é importante que continue assim ¿ discursou o ministro.