Título: MARCO AURÉLIO: ALCKMIN ADMITIU DERROTA
Autor: Cristiane Jungblut e Luiza Damé
Fonte: O Globo, 19/10/2006, O País, p. 9

Petistas ironizam adversário e se dizem surpresos com resultado do Datafolha

BRASÍLIA. Os coordenadores da campanha do presidente Lula levaram um susto com o tamanho do crescimento mostrado pela pesquisa Datafolha, a 12 dias das eleições. Pesquisas internas indicavam a ampliação da vantagem sobre o candidato tucano, Geraldo Alckmin, mas os novos números causaram surpresa e até certa desconfiança entre os analistas de pesquisas do PT. Mas o clima era de comemoração e certeza da vitória ontem no comitê central. A disputa era para saber quem dispararia mais ironias sobre o adversário.

Após reunião com coordenadores, o presidente do PT e coordenador da campanha, Marco Aurélio Garcia, disse que Alckmin já admitiu que perdeu a eleição ao falar que o segundo mandato de Lula acabaria antes de começar. Garcia também disse que se Alckmin perder essa disputa, não terá mais chance de ser candidato em 2010, porque os governadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) terão enorme apetite para a disputa.

- É lógico que as pessoas ficam muito satisfeitas quando as pesquisas lhe são favoráveis, e muito apreensivas quando são negativas. O Alckmin está apreensivo demais. De tal forma que já admitiu que perdeu a eleição , já prevendo a campanha de 2010. Esse é um problema do PSDB. Mas nem sei se ele vai querer ser candidato novamente, tem o Aécio, o Serra. Provavelmente, não apareceria como um candidato muito competitivo. Talvez ele esteja antecipando a sua derrota. Isso é muito ruim para o seu eleitorado, desmobiliza. Se ele não pegar esse cavalo que passou encilhado desta vez - acho que o cavalo passou rápido demais -, provavelmente não será candidato em 2010 - ironizou Marco Aurélio.

Já o governador eleito de Sergipe, Marcelo Déda (PT), disse que Alckmin não falou nada de novo ao sugerir que a campanha por 2010 começa no primeiro dia de eventual novo mandato de Lula:

- É uma declaração tão pequena! Todo mundo sabe que quando termina uma eleição os políticos começam a fazer projeções para a próxima. Ele deu um tom dramático demais para uma obviedade política. Dentro da casa dele, por exemplo, tem dois pré-candidatos que estarão ativíssimos - disse Déda.

No PT e na cúpula da campanha, os 19 pontos de dianteira no Datafolha causaram uma surpresa.

- Foi um crescimento extraordinário! As pesquisas internas indicavam um crescimento, mas não abrir 20 pontos a 12 dias da eleição. A primeira reação de nossos analistas foi checar para ver se era isso mesmo - disse Déda.

Tanto Déda quanto Marco Aurélio disseram que esse crescimento não foi provocado apenas pelo debate sobre a privatização. A certeza, porém, é que esse deverá ser um dos principais pontos da campanha até 29 de outubro.

- Alguns jornalistas disseram que esse é um assunto muito antigo. Mas no (mundo) fashion tem isso. Há temas que voltam à moda. Esse tema, da privatização, voltou à moda. Se articulou a outros temas, como a relação da sociedade com o estado, e deu muito certo - disse Marco Aurélio.