Título: TROPA DE CHOQUE À CAÇA DE FATOS NOVOS
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 19/10/2006, O País, p. 10

Oposição procura Polícia Federal, TCU e OAB atrás de informações inéditas

BRASÍLIA. Após a pesquisa Datafolha que apontou uma diferença de 19 pontos percentuais entre Lula e Alckmin, a cúpula tucuna decidiu escalar uma tropa de choque em busca de fatos novos para tentar mudar o quadro em poucos dias. Reforçados por parlamentares de outros partidos da oposição, o grupo se dividiu e percorreu gabinetes da Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União (TCU) e da OAB atrás de novas informações, até agora sem sucesso. A estratégia será repetida diariamente até a véspera do segundo turno.

Segundo integrantes da campanha de Alckmin, a diferença entre os dois candidatos surpreendeu a cúpula do PSDB, que pediu explicações ao publicitário Luiz Gonzalez, responsável pelo marketing da campanha. A ordem é refazer a estratégia para a reta final: além da busca por fatos novos, passaram a ser prioridade os estados do Rio, Minas e Paraná, onde o PSDB acredita ser possível aumentar a votação de Alckmin.

- Na última semana de campanha, todos os movimentos ficam acelerados. A população ficará mais atenta ao debate. Temos que saber tirar vantagem disso - avalia o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).

Alckmin vai apostar nos últimos três debates, nos quais vai tentar associar a origem do dinheiro para comprar o dossiê contra tucanos com o caixa dois petista. Mas a orientação é para que ele seja menos agressivo que no debate da TV Bandeirantes - estratégia que não deu certo, na avaliação da campanha.

Ontem, parlamentares da oposição foram à sede da Polícia Federal pedir agilidade nas investigações do dossiê. Pouco depois, outro grupo se reuniu com o presidente do TCU, ministro Guilherme Palmeira, e com o conselheiro Ubiratan Aguiar atrás de informações sobre a auditoria que investiga os gastos com cartão corporativo do gabinete da Presidência.

Segundo o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), os ministros prometeram para semana que vem um relatório parcial das apurações. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que integrou a comitiva, acusou o governo de esconder os documentos.

- O governo alega que esses gastos estão protegidos por sigilo (por decreto de 2003). Os gastos da família do presidente são uma caixa-preta que precisa ser aberta - disse o senador.

No Congresso, o vice-governador eleito de São Paulo, Alberto Goldman, denunciou o suposto aumento dos gastos de publicidade da Petrobras. Mas o deputado apenas apresentou os dados deste ano (R$134 milhões no primeiro semestre), apenas 24,6% do gasto em publicidade de todo o ano passado (R$545,6 milhões).

- Mesmo assim esse valor é um absurdo, é quase um Aerolula. Isto não é ilegal, mas é imoral - disse Goldman.