Título: FUNCIONÁRIOS DO BNDES FAZEM GREVE
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 20/10/2006, Economia, p. 33
Empregados pedem reajuste de 20% nos salários; banco oferece 3,84%
Os quase dois mil funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entraram ontem em greve por tempo indeterminado, devido à falta de entendimento nas negociações trabalhistas. Os funcionários pedem reajuste de 20% nos salários, mais um abono de um salário e meio. O BNDES, em contrapartida, propôs um abono de meio salário e um reajuste limitado a 3,84%. A greve foi decidida na última terça-feira, após as propostas de reajuste salarial não terem avançado. Empregados e diretoria voltam à mesa de negociações hoje, às 10h.
Cerca de mil funcionários se mobilizaram ontem em frente ao banco e, às 17h, 600 pessoas compareceram à assembléia que votou pela manutenção da greve devido ao impasse nas negociações. Nova assembléia está marcada para hoje, às 11h, quando os funcionários avaliarão se continuam ou não a paralisação. A última greve dos funcionários do BNDES foi em 6 outubro de 2005, por 24 horas.
Empregados querem quadro único de funcionários
Além do reajuste e do abono salarial, a Comissão de Negociação dos Empregados pede a formação de um quadro único de trabalhadores. Hoje os funcionários estão divididos em dois grupos, com vantagens diferenciadas. Os que foram admitidos antes de 1998 têm um plano de cargos e salários que é considerado mais vantajoso que o atual, que entrou em vigor há oito anos. Segundo os funcionários, desde então, o empregado demora mais tempo para chegar ao topo da carreira, muitas vezes se aposentando antes disso, o que tem impacto direto sobre o valor da aposentadoria.
Para a Comissão de Negociação dos Empregados, a greve é ¿pelo conjunto da obra¿. Os servidores reclamam ainda das perdas reais de massa salarial acumuladas desde a criação do Plano Real, em julho de 1994. Os funcionários acreditam que a diferença até agosto deste ano é de 18,79 salários e reivindicam também o pagamento de resíduos percentuais (diferença entre os salários dos últimos 12 anos e a variação da inflação no período).
Se considerada a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período, a perda estimada pelos empregados é de 28,91%. A comissão destaca que, mesmo com o reajuste pedido (de 20%), seriam ainda necessários mais 7,43% para eliminar as perdas acumuladas.