Título: PRESIDENTE DIZ QUE HÁ DEBATES DEMAIS
Autor: Diana Fernandes
Fonte: O Globo, 21/10/2006, O País, p. 12

Lula se queixa de falta de tempo para contato com eleitor

SÃO PAULO. Minutos após sair do debate do SBT, anteontem, o presidente Lula reclamou do excesso de programas aos quais é obrigado a ir. Até sexta-feira da próxima semana, dia do último debate, na TV Globo, terão sido quatro. Lula diz que o grande número de debates e entrevistas o impede de ir para o corpo-a-corpo com os eleitores. Ele sugeriu que, nas próximas eleições, as emissoras de TV façam um pool :

¿ No futuro, a gente vai trabalhar para que não haja 500 debates. Ninguém agüenta ver o Corinthians jogar com o Palmeiras 500 vezes. Isso termina cansando. Quem sabe a gente caminhe para um pool que inclua todos os canais de televisão em dois debates importantes. No caso da imprensa escrita, por exemplo, se você der entrevista para um, tem que dar para todos. E aí você não tem como fazer outra coisa a não ser dar entrevista. E tem uma coisa muito importante numa campanha que é o contato direto com o povo.

O debate do SBT rendeu 11 pontos de média no Ibope, com pico de 15 pontos, o dobro da audiência normal no horário.

Nos lugares reservados a aliados do governo, quase metade estava desocupada. Das 27 cadeiras, os convidados de Lula ocuparam 15, com sete ministros e até deputados que não foram reeleitos, como Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Alguns dormiram no estúdio. A primeira-dama, Marisa, reclamou do frio. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) errou a porta de entrada para a sala reservada aos petistas e foi parar na ala tucana, ficando entre os senadores Arthur Virgílio (AM) e Sérgio Guerra (PE).

Antes de ocupar a bancada, Alckmin elogiou a gravata vermelha de José Serra, que a tirou e pediu para o candidato tucano usá-la.

¿ É para dar sorte¿ disse o governador eleito de São Paulo, que no final pediu para que Alckmin ficasse com o presente.

A pequena área reservada aos convidados fez com que adversários políticos não escondessem velhas amizades. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, cobrou um encontro de Arthur Virgílio.

¿ Quando vamos tomar um vinho com queijo? ¿ perguntou Bastos, que tem sido chamado pelo tucano de ¿criminalista do presidente¿.

¿ Na quarta está bom?¿ retribuiu Virgílio.

Depois do debate, líderes dos partidos que apóiam Alckmin foram para um bistrô francês, na região dos Jardins. Alckmin, que deixou o SBT com a filha, Sophia, foi direto para casa.