Título: CORÉIA DO NORTE DESCARTA NOVO TESTE NUCLEAR
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 21/10/2006, O Mundo, p. 45

Imprensas japonesa e sul-coreana dizem que Pyongyang deu garantias à China. Condoleezza pressiona Pequim

PEQUIM. O líder norte-coreano, Kim Jong-il, afirmou à delegação diplomática chinesa em visita a Pyongyang anteontem que seu país não pretende realizar outras explosões nucleares e que lamentava a tensão na região causada pelo teste de 9 de outubro. O incidente resultou na decisão da ONU de aplicar sanções contra o país. Segundo ele, a Coréia do Norte voltará à mesa de negociações sobre seu programa nuclear se os EUA recuarem na disposição de isolar financeiramente o país.

As informações foram dadas pelas agências de notícias sul-coreana Yonhap e japonesa Kyodo.

¿ Ele (Kim Jong-il) disse claramente que não pretendia conduzir novos testes ¿ afirmou um diplomata chinês.

Segundo os relatos, Kim fez promessas de ceder.

¿ Se os EUA fizerem concessões em algum grau, nós também faremos alguma concessão, seja na forma de conversas bilaterais ou a seis ¿ teria dito o ditador norte-coreano, referindo-se às negociações em grupo reunindo as duas Coréias, EUA, China, Japão e Rússia.

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, que chegou ontem à China, não confirmou a notícia e, juntamente com o chanceler chinês, Li Zhaoxing, pediu à Coréia do Norte que retome as negociações a seis ¿sem pré-condições¿. Condoleezza se encontrou com o presidente Hu Jintao e com o chefe da missão diplomática que visitou Pyongyang anteontem, Tang Jiaxuan. Ela disse ter recebido garantias de que Pequim vai verificar as cargas que entrarem na Coréia do Norte.

¿ Vamos ver o que os chineses vão fazer ¿ disse.

Por sua vez, Tang se mostrou animado com o progresso das negociações:

¿ Felizmente, desta vez, minha visita não foi em vão ¿ disse ele a Condoleezza.

A comunidade diplomática na região considera a China o parceiro-chave no esforço de fazer a Coréia do Norte retornar às negociações, por conta de sua grande influência econômica sobre o país. Ontem, cerca de 100 mil pessoas celebraram nas ruas de Pyongyang a realização do teste nuclear norte-coreano.