Título: SEM-TERRA VÃO PERDER QUATRO REPRESENTANTES
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 22/10/2006, O País, p. 12

Ruralistas dizem que momento é bom para buscar entendimento

BRASÍLIA. Além de Luci Choinacki (PT-SC), hoje a única ex-integrante do Movimento dos TRabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Congresso Nacional, não se reelegeram três outros expoentes da bancada que apóia os sem-terra: João Grandão (PT-MS), Orlando Desconsi (PT-RS) e João Alfredo (PSOL-CE), que presidiu a CPI da Terra. O deputado Adão Preto (PT-RS), um dos mais atuantes do grupo, foi reeleito.

A senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), também integrante do núcleo, é favorita para se eleger governadora do Pará. Segundo as pesquisas de intenção de voto, ela está bem à frente de seu oponente, Almir Gabriel (PSDB).

Empresário Homero Pereira (PPS-MT) teve cem mil votos

Já os ruralistas vão ganhar um apoio de peso. O produtor e empresário Homero Pereira (PPS) foi o segundo deputado mais votado no Mato Grosso, com cerca de cem mil votos. Ele ficou conhecido há dois anos por organizar, em Brasília, o ¿tratoraço¿, um ato que reuniu na capital federal mais de 20 mi produtores, que levaram três mil máquinas e tratores para a Esplanada dos Ministérios. O ato deu resultado e o governo federal editou pacotes agrícolas e rolou as dívidas dos fazendeiros.

Projeto de expropriar terras onde há trabalho escravo

Novos embates prometem esquentar o ambiente na Câmara entre ruralistas e sem-terra nesta nova legislatura. Entre os projetos que dividem os dois lados há o que prevê a expropriação e destinação para a reforma agrária de terras onde for flagrada exploração de trabalho escravo, e ainda a proposta de uma nova organização de cooperativas agrícolas no país.

O líder dos ruralistas, Moacir Micheletto, disse que o início de um novo governo e de uma nova legislatura é um bom momento para se buscar o entendimento. Mas ressaltou que há pontos inegociáveis.

¿ Buscar a reforma agrária sim, mas não na base da invasão e da violência. Estamos dispostos a negociar, mas sem abrir mão do que achamos ser o melhor para o país. É preciso parar de achar que o produtor, o empresário rural, não defende os interesses do trabalhador do campo ¿ afirmou Micheletto.