Título: No Senado, PFL promete reagir a investidas
Autor: Adriana Vasconcelos e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 22/10/2006, O País, p. 13

Governo poderá tentar reeleger Aldo Rebelo na Câmara

BRASÍLIA. Os pefelistas prometem reagir a qualquer investida do PMDB sobre a bancada no Senado. O líder do PFL, senador Agripino Maia (RN), um nome que desponta para disputar o comando da Casa, adverte:

¿ O jogo do puxa-encolhe é de mão dupla. Claro que quem fizer o presidente da República levará vantagem. De qualquer forma, a força hoje do PFL e do PSDB no Senado continuará sendo expressiva na próxima legislatura.

Com poucas opções dentro do PT, a não ser a do atual líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o governo petista poderá fazer uma opção pela reeleição do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), mas ela esbarra no problema partidário. Aldo pertence a um partido pequeno, que sequer ultrapassou a cláusula de barreira.

O ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE), apesar da quantidade expressiva de votos e do trânsito importante nas bancadas do Nordeste, tem contra si dois pontos cruciais: é deputado de primeiro mandato e visto como homem de Lula.

¿ Ciro Gomes na presidência é mesma coisa que Lula nomear ¿ afirmar o líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA).

¿Não será uma guerra do fim do mundo¿, diz Geddel

Qualquer hipótese terá de passar obrigatoriamente pela bancada do PMDB da Câmara, onde até mesmo os aliados de Lula demonstram intenção de reivindicar a regra da proporcionalidade para garantir o comando da Casa ao partido.

¿ O Parlamento funciona bem quando as tradições são respeitadas. Com a maior bancada da Câmara, o PMDB tem direito de reivindicar a presidência da Casa, mas nada será uma guerra do fim do mundo ¿ diz Geddel Vieira Lima.

Se Lula for reeleito, analistas políticos indicam que o presidente terá obrigatoriamente de rever sua relação com o Legislativo. Até porque sua base parlamentar encolheu. Levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) mostra redução nas forças que apóiam o governo Lula em relação a 2002, quando tinha 318 deputados. A partir do próximo ano, terá apenas 298 votos na Câmara, isso se computados todos os representantes das bancadas do PT, do PMDB, do PSB, do PP, do PL, do PTB e do PCdoB.

Segundo o levantamento, a oposição de centro-esquerda ao governo Lula (PPS, PV, PDT e PSOL) fortaleceu-se: eram 41 deputados e serão 62. Caiu entre os oposicionistas de centro e centro-direita (PSDB/PFL e Prona) de 161 deputados para 133. De acordo ainda com o Diap, a nova Câmara tende a ser, do ponto de vista ideológico, menos social-democrata e mais liberal, o que aumenta a pressão por reformas liberalizantes.