Título: DISPUTA DO COMANDO DE CÂMARA E SENADO COMEÇOU
Autor: Adriana Vasconcelos e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 22/10/2006, O País, p. 13

PMDB, dividido, quer a presidência das duas Casas e tem nomes para o caso da vitória de Lula ou de Alckmin

BRASÍLIA. Seja qual for o resultado da disputa presidencial, uma as primeiras tarefas do presidente será administrar a nova briga que já se desenha no cenário político pelo comando da Câmara e do Senado Federal. Embora hoje dividido entre os defensores da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os que preferem o tucano Geraldo Alckmin, o PMDB, por exemplo, já se articula nos bastidores para tentar conquistar a presidência das duas Casas. Mas a reação dos demais partidos, principalmente da oposição, é considerada certa.

¿ Se o PMDB eleger o presidente da Câmara, perde no Senado, onde a maioria é de oposição. Será alguém do PFL com perfil mais light. Mesmo o PMDB tendo a maior bancada, os outros podem formar blocos com outros partidos, e nada impede que se lancem candidatos avulsos, como aconteceu com Severino Cavalcanti ¿ prevê o diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz.

Com a maior bancada eleita da Câmara, 89 deputados, os peemedebistas têm opções de nomes para a presidência da Câmara tanto para o caso de vitória de Lula como de Alckmin. Se Lula for reeleito, os candidatos mais fortes são o ex-ministro Eunício Oliveira (CE), o recém-convertido ao lulismo Geddel Vieira Lima (BA) e Jader Barbalho (PA).

Com a vitória de Alckmin, o caminho se abre para o deputado Michel Temer (SP), que já presidiu a Casa no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Renan, no Senado, trabalha por sua reeleição

No Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), trabalha nos bastidores pela sua reeleição. Embora o PFL esteja com a maior bancada da Casa, 19 senadores, o PMDB poderá reconquistar o posto, dependendo do resultado do segundo turno em sete estados.

No Maranhão, o PFL corre o risco de perder pelo menos dois senadores, mesmo que Roseana Sarney não seja eleita governadora. A decisão da executiva nacional de processar a senadora em função do seu apoio à reeleição de Lula poderá levá-la a trocar o PFL pelo PMDB. E poderá levar junto Edison Lobão (PFL-MA).

A bancada peemedebista poderá ser reforçada ainda caso o senador tucano Leonel Pavan seja eleito vice-governador de Santa Catarina, tendo em vista que seu suplente, Neuto de Conto, é do PMDB. Esse ganho seria neutralizado caso o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) vença a disputa pelo governo de seu estado, pois no seu lugar assumiria João Faustino, do PSDB.

Renan, no entanto, estaria negociando duas novas filiações: a do senador Leomar Quintanilha (PCdoB-TO) e do recém-eleito Alfredo Nascimento (PL-AM). A expectativa é que a bancada do PMDB no Senado chegue a 25 parlamentares.