Título: MENSALEIROS REELEITOS PODEM TER PROCESSOS DESARQUIVADOS
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 22/10/2006, O País, p. 14

BRASÍLIA. Ao renunciarem a seus mandatos para não serem cassados por envolvimento no esquema do mensalão, os ex-deputados Paulo Rocha (PT-PA) e Valdemar Costa Neto (PL-SP), reeleitos em 1º de outubro, podem ter apenas adiado a abertura de processo contra eles no Conselho de Ética. Logo que tomarem posse, no início de fevereiro de 2007, a acusação por quebra de decoro parlamentar contra os dois pode ser desarquivada e eles correm o risco de ter seus direitos políticos suspensos por oito anos.

A decisão de reabrir os dois casos pode ser tomada tanto pelo futuro presidente da Câmara, a ser eleito, ou por iniciativa de qualquer partido político. Líderes já se manifestaram a favor do julgamento de Rocha e Costa Neto e irão protocolar, no Conselho ou na Mesa da Câmara, a retomada dos processos.

Rocha foi acusado pela CPI dos Correios de se beneficiar do valerioduto. O empresário Marcos Valério, pivô do escândalo, disse, em depoimento à Procuradoria Geral da República, que o petista recebeu R$920 mil em espécie, em vários repasses feitos a assessores dele, entre abril de 2003 e maio de 2005. O montante foi retirado na agência do Banco Rural em Brasília. Na comissão, Rocha se defendeu com o argumento de que os recursos eram para pagar dívidas do PT do Pará, mas não encaminhou recibos da comprovação de todos os pagamentos feitos a supostos fornecedores.

Costa Neto também foi apontado por Valério como beneficiário do esquema. O ex-líder do PL teria recebido R$10,8 milhões, entregues ao ex-tesoureiro do partido Jacinto Lamas entre fevereiro de 2003 a agosto de 2004. Costa Neto disse à CPI que recebeu R$6,5 milhões do caixa dois do PT e que usou o dinheiro na campanha da eleição de Lula em 2002.