Título: PF INVESTIGA DEZ CONTAS DE BICHEIRO NO EXTERIOR
Autor: Sergio Ramalho
Fonte: O Globo, 22/10/2006, Rio, p. 31

Documentos comprovariam que o grupo de Rogério Andrade movimentou US$12,6 milhões em três anos

O grupo do contraventor Rogério Costa de Andrade e Silva, de 43 anos, teria movimentado US$12,6 milhões em dez contas no exterior, entre 1999 e 2002. Documentos obtidos pela Polícia Federal mostram que a fortuna ¿ equivalente a R$26,9 milhões, no câmbio atual ¿ teria passado por nove contas nos Estados Unidos e uma na Suíça.

Em apenas uma das transações, uma conta em nome do contraventor no San Trast Bank, em Nova York, teria recebido US$2,22 milhões (R$ 4,7 milhões) da offshore West Rio. A transferência foi realizada em 23 de janeiro de 2000. Investigações das polícias Federal e Civil apontam a offshore como sócia majoritária da Rio Oeste Games, empresa com sede em Padre Miguel, na Zona Oeste, que seria do contraventor.

A relação de contas e depósitos mostra o esquema montado para lavar o dinheiro dos lucros com a exploração das máquinas caça-níqueis. As remessas para o exterior foram feitas por intermédio de duas offshores ¿ West Rio e Trading Word Rio ¿ e de três doleiros que operam no eixo Rio-São Paulo, com ramificações em Assunção, no Paraguai, e Montevidéu, no Uruguai.

A lista revela que, nos Estados Unidos, o grupo manteria contas em bancos de Nova York, Chicago e Filadélfia. Há ainda uma conta no DBTC, na Suíça, que recebeu um depósito de US$500 mil (R$1,061 milhão).

Entre as transferências listadas no documento, cinco têm como origem ou destino a offshore West Rio. O volume movimentado nessas transações é de US$7,4 milhões (R$15,7 milhões). Na maior delas, efetuada em 9 de janeiro de 2001, a quantia de US$2,75 milhões (R$5,8 milhões) foi transferida para a conta de uma mulher. A PF solicitou a organismos internacionais informações sobre a movimentação nas dez contas.

A análise da movimentação bancária mostra que o grupo realizou diversas transferências entre as contas. Estratégia usada, segundo investigações, para dificultar o rastreamento do dinheiro. Policiais envolvidos na apuração confirmaram, analisando a triangulação de depósitos, que grande parte dos dólares voltou para o Brasil.