Título: PROIBIDO TRECHO DO PROGRAMA ELEITORAL DE LULA
Autor: Flávio Freire e Dimmi Amora
Fonte: O Globo, 23/10/2006, O País, p. 5

Para TSE, acusações de corrupção ofendem honra de Alckmin

BRASÍLIA. O Tribunal Superior Eleitoral proibiu a apresentação, no rádio, de um trecho do programa eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à reeleição, em que era questionada a ética de seu adversário, o tucano Geraldo Alckmin. No programa, transmitido sexta-feira passada, um locutor dizia: ¿na hora de falar de ética, Geraldo Alckmin não deveria ser tão assim arrogante¿. Em seguida, o PSDB era acusado de ter barrado a abertura de CPIs que investigariam corrupção em gestões tucanas.

A decisão de suspender a propaganda foi tomada no sábado pelo ministro Marcelo Ribeiro, do TSE, em caráter liminar. Ele julgou uma ação ajuizada pelos advogados de Alckmin, que acusam a campanha petista de ¿imputar a ocorrência de atos de improbidade, cuja existência foi dada como certa (sem margem de dúvidas), quando é certo que sequer acusações há contra o requerente (Geraldo Alckmin)¿.

Marcelo Ribeiro concordou com a ponderação do tucano. Para o ministro, as acusações feitas pela campanha de Lula ofendem a honra de Alckmin, pois as acusações são graves e não têm comprovação.

¿As referências a gastos milionários sem `qualquer contrato e muitas vezes sem nenhum comprovante da realização dos serviços¿ e em obra `sem licitação¿, ligadas ao candidato Alckmin, me parecem ofensivas¿, afirmou o relator. O filmete ficará proibido de ir ao ar até o julgamento do mérito pelo plenário do TSE, ainda sem data marcada.

Essa foi a segunda vitória do tucano no TSE na última semana. Na terça-feira passada, Alckmin ganhou um minuto no rádio e um minuto na televisão no horário de Lula para responder a acusação de que os tucanos teriam acobertado casos de corrupção na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em compensação, na quinta-feira, o TSE determinou que fosse retirada do ar a propaganda do PSDB que cobrava de Lula explicação sobre a origem do dinheiro apreendido com petistas que seria usado para comprar o dossiê contra os tucanos.