Título: REQUIÃO E AMIN DEIXAM NEUTRALIDADE PARA DECLARAR APOIO A LULA NO SUL
Autor: Ana Paula de Carvalho e Upiara Boschi
Fonte: O Globo, 24/10/2006, O País, p. 4
No Paraná, presidente já havia pedido votos para peemedebista em comício
CURITIBA e FLORIANÓPOLIS. Na reta final das eleições, dois candidatos a governador abandonaram a neutralidade na disputa presidencial e declararam apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): o governador licenciado do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que disputa a reeleição, e Esperidião Amin (PP), candidato ao governo de Santa Catarina.
Requião anunciou no domingo à noite apoio à candidatura de Lula. O anúncio, aguardado desde o início do segundo turno, foi feito no programa eleitoral de Requião depois de o presidente Lula ter pedido votos para governador paranaense durante comício na capital paranaense no último sábado.
¿ Quem vota no Lula tem que votar no Requião ¿ disse o presidente no palanque, mesmo sem o governador.
O programa de Requião mostrou cenas do comício, que teve a presença do vice-governador Orlando Pessuti (PMDB). Na propaganda, Requião recorda ter feito críticas à política econômica de Lula, mas ressalta ¿a firmeza e a seriedade de caráter do presidente da República¿.
O governador licenciado destacou a importância de o governador ter ¿contato efetivo com o presidente¿.
¿ Meus irmãos, acho que isso define minha posição ¿ concluiu Requião.
Em entrevista nesta segunda-feira, o governador reafirmou o apoio e ressentiu-se da proibição em participar do leilão para compra da estatal paulista CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) na gestão de Geraldo Alckmin.
¿ São Paulo resolveu privatizar o sistema elétrico no Estado. A Copel se interessou pelo sistema e eles proibiram a Copel de entrar ¿ criticou.
O coordenador de campanha de Requião, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), admitiu que a atitude de Lula foi fundamental para que o governador anunciasse seu apoio.
¿ O presidente pediu votos e apoio ao governador e acho que isso vai dar resultado para ambas as campanhas.
Se durante o mandato do presidente Lula ele e Requião estiveram em lados opostos, Romanelli aposta em entendimento.
¿ A relação entre os dois acabou tendo desentendimentos por envolver uma agenda paranaense com o governo federal, mas isso será superado.
Aliança em SC supera rivalidade de PT e PP
Em Santa Catarina, a aliança Lula-Amin supera uma rivalidade histórica entre PT e PP no estado. No primeiro turno, Amin ficou atrás do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), aliado do tucano Geraldo Alckmin. Há quatro anos, Lula ajudou Luiz Henrique a derrotar o então governador Amin no segundo turno por 40 mil votos. Antes do apoio a Lula, o vice da chapa de Amin, ex-deputado Hugo Biehl (PP), anunciou voto no petista e foi recebido em Brasília pela ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff (PT).
Ainda na sexta-feira, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, afirmou que para um acordo definitivo faltava apenas a declaração de voto de Amin ¿ que mantinha a cautela porque as pesquisas do Ibope no estado indicam que a maioria dos seus eleitores vota em Alckmin.
Com 16 pontos de desvantagem nas pesquisas em relação a Luiz Henrique, que tem o apoio de Alckmin, o ex-governador declarou voto em Lula no domingo, quando foi recebido com festa pela militância petista na cidade de Concórdia, administrada por Neodi Saretta (PT).
Ontem, Amin justificou a adesão:
¿ É um acordo que vem da base, puro, decente, para salvar Santa Catarina ¿ afirmou.