Título: EMPRESA JÁ FOI ALVO DE INVESTIGAÇÃO DA PF
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 24/10/2006, O País, p. 9

Família controla Vicatur e outras casas de câmbio no estado

A Vicatur Câmbio e Turismo, apontada pela Polícia Federal como fonte de parte dos dólares usados na tentativa de compra do dossiê contra tucanos, é controlada por uma conhecida família de doleiros do Rio, os Ribas Soares. Juntos, eles respondem por quase duas dezenas de casas de câmbio e turismo no Grande Rio e já foram alvo de uma investigação da PF por pertencer a uma rede formada por cerca de 50 casas de câmbio responsável por um movimento mensal de US$20 milhões em operações ilegais.

O inquérito, aberto em 2002 pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Delecoi) da PF no Rio a partir de denúncias contra a casa de câmbio Stravaganza, produziu um levantamento inédito sobre o modo de agir dos doleiros e o seu sistema paralelo de câmbio e compensação bancária, que funcionava livre da fiscalização do Banco Central (BC).

Os agentes descobriram que a Stravaganza era uma das cerca de 50 casas de câmbio que movimentavam, no total, US$20 milhões mensais no câmbio negro, chamado de ¿sistema paralelo de compensação¿, e procurado principalmente por clientes interessados em fazer remessas para o exterior sem a necessidade de explicar a origem do dinheiro. Casas da família Ribas Soares aparecem entre as 50.

A Vicatur tem três lojas no Grande Rio. A matriz fica na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, mas há duas lojas na Baixada Fluminense. Uma na Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Nova Iguaçu, onde o dinheiro do dossiê teria sido sacado, e outra na Avenida Automóvel Clube, em Vilar dos Teles, São João de Meriti.

Pessoas ligadas ao setor estranharam a existência de duas casas de câmbio em regiões de pouca demanda para esse tipo de negócio. A Junta Comercial informa que o controle acionário da Vicatur é dividido entre os membros da família (Jorge Ribas Soares e seus dois filhos, Jorge Ribas Soares Júnior e Fernando Manoel Ribas Soares), além de duas empresas também controladas pelo clã, a H S Participações e Empreendimentos e a Raphand Participações Ltda, e Sirley da Silva Chaves, única entre os sócios a morar em Nova Iguaçu.

Jorge Ribas Soares é proprietário também da HS Administração e Participações Ltda, da Monte Estoril Empreendimentos Ltda, da Agência São Jorge de Câmbio e Turismo Cambitur Ltda, da Ribas Sociedade de Fomento Comercial Ltda, da Cambitur Niterói Cambio e da Turismo Ltda, da HS Participações e Empreendimentos Ltda, da Plural Tour Operadora Turística e da Seraos Importados Ltda

Um delegado especializado disse que é bobagem insistir nos laranjas, porque toda casa de câmbio que opera ilicitamente tem uma lista de laranjas, nomes que eles geralmente captam quando fazem oferta de empregos e as pessoas humildes se cadastram inocentemente. Os dados ficam guardados lá, justamente para esquentar as operações, e tais pessoas nem sabem que serviram para isso.

No caso da Vicatur, a PF já teria identificado e estaria à procura dos supostos laranjas que teriam comprado os dólares, nomes usados pelos petistas para esconder os nomes dos compradores do dinheiro. Eles pertenceriam a uma mesma família humilde da região.