Título: BRASILEIRO SERÁ O `NÚMERO 3¿ NO FMI
Autor: José Meirelles Passos e Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 24/10/2006, Economia, p. 28

Indicado por Rato, Murilo Portugal deve ocupar cargo de vice-diretor-gerente

WASHINGTON e BRASÍLIA. Murilo Portugal, que até poucas semanas era secretário-executivo do Ministério da Fazenda, vai voltar ao Fundo Monetário Internacional (FMI). E voltará por cima, ocupando o terceiro mais importante cargo da instituição. Ele, que foi diretor-executivo do Fundo entre 1998 e 2005, representando o Brasil e mais sete países, agora será vice-diretor-gerente ¿ indicado por Rodrigo de Rato, diretor-gerente do organismo.

¿ Ele me convidou para o cargo mais alto que um representante de país em desenvolvimento pode ocupar no Fundo. Foi uma escolha pessoal que me deixou muito honrado ¿ disse Portugal, por telefone, de Washington.

Ao indicá-lo, Rato afirmou que o economista ¿ formado pela Universidade Federal Fluminense, com cursos em Cambridge e Manchester, na Inglaterra ¿ está ¿idealmente qualificado para suceder a Agustín Carstens¿, o mexicano que deixou o posto para integrar a equipe do presidente eleito do México, Felipe Calderón.

¿Murilo possui as habilidades econômicas e uma rica experiência no governo de uma grande economia de mercado emergente e, além disso, conhece o Fundo extremamente bem, tendo servido como diretor-executivo por sete anos¿, disse, por meio de comunicado, Rato, referindo-se à época em que Portugal representou o Brasil e Colômbia, República Dominicana, Equador, Guiana, Haiti, Panamá e Suriname.

Antes de anunciar a indicação, Rato seguiu a praxe de consultar o conselho do FMI, e a aprovação do nome de Portugal deve ser confirmada nos próximos dias. O seu mandato será de cinco anos. Ele será o segundo vice-diretor-gerente: o primeiro é o americano John Lipsky; e o terceiro, o japonês Takatoshi Kato.

Portugal se mostrou animado com a recente reforma proposta por Rato no FMI e afirmou que o movimento é na direção correta, embora o Brasil ainda não tenha conseguido ganhar mais poder de decisão no órgão:

¿ O movimento para aumentar a participação dos emergentes está sendo feito, mas a decisão do Fundo foi uma reforma em duas etapas.

Funcionário público de carreira aposentado, Portugal era diretor-executivo do Brasil junto ao FMI quando Rato assumiu o comando, em maio de 2004. Um ano depois, decidiu voltar ao Brasil para assumir o segundo posto na Fazenda, convidado pelo então ministro Antonio Palocci. Com a saída de Palocci, em abril deste ano, resolveu deixar o cargo.

(*) Correspondente