Título: TARSO: LULA, SE REELEITO, CHAMARÁ PARTIDOS PARA DISCUTIR CRESCIMENTO
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 25/10/2006, O País, p. 4

Ministro diz que presidente, se vitorioso, descansará antes de iniciar conversas

BRASÍLIA. A cinco dias das eleições, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, começou ontem a falar sobre o futuro depois do segundo turno e anunciou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se reeleito, vai chamar nos próximos dias os partidos aliados para discutir um programa mínimo para um governo de coalizão.

Tarso também ensaiou um discurso de aproximação com a oposição, afirmando que as trocas de ofensas fazem parte do debate político e que a radicalização é defendida apenas por uma minoria na oposição.

Segundo Tarso, o programa de coalizão a ser proposto terá como uma de suas bases a meta de crescimento de 5% do PIB a partir de 2007. O baixo crescimento econômico do país ¿ que ficou em 2,23% em média nos três primeiros anos do governo Lula ¿ tem sido a principal crítica ao candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.

Se sair vitorioso no domingo, Lula deverá tirar alguns dias de descanso e depois deflagrar o processo de negociação com os partidos.

¿ Se for o vencedor, o presidente Lula inicia um conjunto de contatos políticos com os partidos, dialogando sobre um programa mínimo de governo. E, a partir dessa visão de programa mínimo, ele começa a pensar no seu Ministério. O primeiro passo, na minha opinião, logo após as eleições, dando um espaço para o descanso, é o presidente começar a conversar sobre o programa mínimo relacionado com a visão de coalizão. Estimo que teremos 24, 48 horas de descanso, e o presidente começará a orientar essa hipótese de coalizão ¿ disse Tarso.

Segundo Tarso, o presidente precisará tomar medidas para promover esse crescimento de 5% do PIB ainda este ano e, para isso, será necessário contar com o apoio dos aliados. Em seus últimos discursos, Lula vem falando em crescimento de 5%, 6% e até 7% nos próximos anos.

Ministro evita responder a Fernando Henrique

Anteriormente, as estimativas eram de crescimento de 6% ao ano a partir de 2008 e até 2022. Este ano, as previsões apontam para um crescimento baixo.

¿ (Fixar) 5% como mínimo de crescimento no ano que vem é uma visão já consolidada, e ela é a baliza central para um programa de coalizão. É inaceitável um crescimento da economia inferior a 5% ¿ disse Tarso.

Um dia depois de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defender um diálogo pós-eleição, Tarso evitou criticá-lo. Anteontem, Fernando Henrique dissera que o PSDB não sabotará o país, caso Lula vença. O ministro disse que a idéia de sabotar um eventual segundo mandato de Lula é de uma ala minoritária da oposição.

¿ Parece ser uma estratégia política minoritária da oposição, e tem um viés autoritário que não quer reconhecer resultados eleitorais. Mas o principal líder dessa corrente está aposentado e, possivelmente, não tem muita influência ¿ disse Tarso, sem citar nomes, mas referindo-se ao presidente do PFL, Jorge Bornhausen, que não se candidatou nestas eleições.

Na tentativa de restabelecer o diálogo com a oposição depois do segundo turno, Tarso reforçou o argumento de que a troca de acusações no período eleitoral faz parte do debate político.