Título: AÉCIO QUER LIDERAR MOVIMENTO DE GOVERNADORES
Autor: Sueli Cotta
Fonte: O Globo, 25/10/2006, O País, p. 9

Mineiro diz que não dinamita pontes e que pretende um consenso em torno das reformas tributária e política

BELO HORIZONTE. Assim que sair o resultado do segundo turno das eleições para a Presidência da República, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), pretende iniciar um movimento com os governadores eleitos para discutir pontos das reformas tributária e política. Para Aécio, a política virou uma guerra sem limites e é preciso que as reformas aconteçam para permitir que o país cresça e sejam gerados empregos.

Governador nega intenção de negociar antes da eleição

Em entrevista ao jornal ¿Valor¿, Aécio disse que a reforma tributária não pode mais esperar e defendeu o diálogo, argumentando que todos perdem com a guerra fiscal. Disse ainda que era um ¿construtor de pontes, não dinamitador¿. Ontem, no entanto, ao lado do candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, em Belo Horizonte, foi cauteloso e negou a intenção de estabelecer qualquer diálogo com o governo federal antes das eleições.

Aécio vinha defendendo que a conversa com os governadores pudesse acontecer ainda este ano, para definir uma agenda. Os governadores esperavam que o governo federal tomasse a iniciativa, mas, como isso não ocorreu, Aécio quer inverter a situação.

¿ Vamos inverter isso. Não é difícil encontrar consenso em torno de três ou quatro temas: fidelidade partidária, voto distrital misto e financiamento público de campanha ¿ defendeu.

Aécio acompanhou Alckmin em eventos de campanha. O governador fez críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e desmentiu que já esteja negociando verbas com o governo federal para o 2007.

¿ Pelo menos o governador de Minas Gerais não foi procurado e não aceitaria conversar sobre absolutamente nada que envolvesse o próximo mandato, porque eu acredito que no próximo mandato as conversas serão com o presidente Geraldo Alckmin. Qualquer entendimento político ou conversa só se dará após as eleições. Não fui procurado e não estimularia nenhuma conversa antes da eleição

Alckmin aproveitou a declaração do governador eleito da Bahia, Jacques Wagner(PT), para dizer que o petista está fazendo uma apologia à mentira. Wagner teria dito que os petistas não são diferentes dos outros réus, que não são obrigados a falar a verdade.

¿ Um dos coordenadores da campanha do meu adversário está fazendo apologia à mentira. Os petistas podem mentir. O brasileiro não gosta de mentiroso, nada se sustenta em cima da mentira. Aprendi com meu pai que tem que se dizer a verdade, mesmo que ela seja dura.

Sobre as críticas por não ter listado no debate de anteontem denúncias envolvendo pessoas próximas a Lula, Alckmin se justificou:

¿ Não vou ficar listando, porque o tempo é curto. Ética não é questão acessória, é substantiva.