Título: Datafolha: Lula tem 58% contra 37% de Alckmin
Autor: Lydia Medeiros e Marisa Louven
Fonte: O Globo, 25/10/2006, O País, p. 15

Para 53%, petista faz administração ótima ou boa, maior índice de aprovação obtido por um presidente desde 1990

A cinco dias da eleição, pesquisa do instituto Datafolha divulgada ontem pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, mostrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou para 21 pontos a vantagem sobre o tucano Geraldo Alckmin. A série de levantamentos realizada no segundo turno mostra que o favoritismo de Lula estaria hoje consolidado: ele tem hoje 58% das intenções de voto, contra 37% do adversário. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O número de eleitores ainda indecisos é de 3% e os que votariam em branco ou nulo somam 2%.

A diferença entre Lula e Alckmin fica ainda mais expressiva, de 22 pontos, quando são computados apenas os votos válidos - excluídos os votos em branco e nulos e o percentual de eleitores indecisos. Nesse caso, o petista tem 61% e o tucano, 39%.

Desde o primeiro turno, Alckmin vem perdendo eleitores. Na pesquisa de 6 de outubro, ele tinha 43% das preferências. Passou a 40% no dia 11, caiu para 38% no dia 17 e agora está com 37%.

Já Lula fez a trajetória oposta. Saiu de 50% das intenções de voto no dia 6, oscilou para 51% na pesquisa seguinte, cresceu para 57% no levantamento do dia 17 e chegou a 58% agora.

Índice recorde de aprovação

O Datafolha também pesquisou a aprovação do eleitor ao governo Lula. Para 53% dos entrevistados, o presidente faz uma administração ótima ou boa. É o maior índice de aprovação obtido por um presidente desde 1990, segundo o Datafolha. Na pesquisa anterior, do dia 17, o índice de aprovação era de 51%. Para 31%, o governo Lula é regular, índice dois pontos menor que o verificado na semana passada. Já a reprovação ao governo se manteve estável: 15% o consideram ruim ou péssimo.

Outro dado que evidencia a consolidação do voto em Lula é a taxa dos que citam seu nome espontaneamente como candidato a presidente: 55%. Na última pesquisa, esse índice era de 53% . O nome de Alckmin foi mencionado por 34% dos entrevistados, a mesma taxa da semana passada.

O Datafolha entrevistou 7.218 eleitores na segunda e na terça-feira, em 347 municípios do país. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número 23.200/2006.

No horário eleitoral na TV, ontem, a tentativa de Alckmin de reverter a queda nas pesquisas incluiu, mais uma vez, ataques a Lula sobre os escândalos de corrupção em seu governo. Ele voltou a exigir resposta do presidente sobre a origem do dinheiro usado por petistas para a compra do dossiê que visava a prejudicar a candidatura de José Serra a governador de São Paulo. Alckmin também prometeu que, num governo dele, se errar, vai assumir a culpa e não "jogar amigo na fogueira para salvar a própria pele", referindo-se ao fato de Lula ter exonerado diversos ministros e dito que não sabia de nada.

O candidato do PSDB também criticou o fraco desempenho da economia e acusou o governo Lula de ter quebrado a agricultura. Segundo ele, o setor está passando pela "maior crise dos últimos quarenta anos e não é culpa de São Pedro", mas sim da defasagem cambial, do imposto alto e falta de infra-estruturas, entre outros problemas.

Além de rebater as críticas de Alckmin sobre crescimento econômico, Lula se defendeu dizendo que a diferença ética é que o seu governo apura os fatos:

- É uma injustiça não dizer que a economia ficou 20 anos estagnada, que eles quebraram duas vezes o país, que num único dia US$10 bilhões foram embora. Nós compramos US$149 bilhões para manter o câmbio e ainda devolvemos US$15 bilhões ao FMI (Fundo Monetário Internacional), para que não desse mais palpite na nossa vida - destacou o presidente Lula.

O PT ganhou na Justiça o direito de defesa pelas acusações de que Lula não quer que a Polícia Federal e o Ministério Público apurem com rapidez o caso do dossiê. Segundo a nota que foi veiculada, "o presidente tem cobrado insistentemente a apuração dos fatos e a punição dos culpados". Reproduziu ainda fala de Lula no debate da noite anterior: "Se o mesmo tivesse acontecido em São Paulo e você não tivesse bloqueado 19 CPIs, talvez tivesse muito mais escândalo que no governo federal".

Já o programa noturno do PT focou na questão da segurança pública. Sem citar Alckmin, disse que este é um problema que desafia governantes em todo mundo.