Título: AMORIM: ACORDO COM BOLÍVIA PRECISA DE TEMPO
Autor: Eliane Oliveira/Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 25/10/2006, Economia, p. 31
Mas governo de Evo Morales insiste em manter dia 28 como data-limite, estabelecida no decreto de nacionalização
BRASÍLIA e BUENOS AIRES. O alto grau de complexidade das negociações entre a Petrobras e a petrolífera boliviana YPFB levou o governo brasileiro a pressionar a Bolívia para que a assinatura do novo contrato de exploração, produção e refino de petróleo e gás naquele país seja adiada. Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu publicamente um prazo maior. Nos bastidores, autoridades brasileiras conversavam com seus colegas bolivianos sobre a possibilidade de se fechar um pré-acordo no dia 28, próximo sábado, deixando os pontos mais críticos e outros ajustes para serem resolvidos 15 ou 20 dias após a data-limite.
- O Brasil não está pedindo à Bolívia a prorrogação do prazo. O que nossos negociadores estão dizendo é que, em uma negociação tão complexa, as pessoas não podem ficar escravas de prazos. As negociações precisam de tempo - disse o chanceler.
O governo de Evo Morales, porém, reiterou ontem sua decisão de não prorrogar o prazo estabelecido no decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos para assinar novos acordos com as companhias petrolíferas que operam no país. O ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, disse em nota oficial que as negociações "com todas as empresas estão entrando na reta final, sem exceção".
Já o presidente do PT e coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, que antes de assumir a tarefa era assessor internacional da Presidência - e ainda exerce forte influência nesse processo - afirmou que, se não houver bases para um acordo, o ideal seria escrever uma espécie de carta de intenções.
Nesse caso, seria respeitado o prazo estabelecido no decreto nacionalizando as reservas de gás, o que poderia atenuar a pressão exercida pela base de apoio ao presidente da Bolívia, Evo Morales, que enfrenta turbulência política doméstica. Só que com uma flexibilização nos termos do entendimento. Marco Aurélio confirmou ter conversado sobre o assunto na última sexta-feira, em São Paulo, com um alto funcionário do governo boliviano.
- A assinatura do novo contrato poderia ficar para depois - disse Marco Aurélio Garcia ao GLOBO.
(*) Correspondente