Título: CRESCE QUANTIDADE DE DINHEIRO EM CIRCULAÇÃO
Autor: Luciana Rodrigues e Ana Cecilia Santos
Fonte: O Globo, 25/10/2006, Economia, p. 32
Base monetária chega a R$100 bilhões. Só em notas e moedas, são R$70,88 bilhões
A iniciativa do Banco Central (BC) de conscientizar os cidadãos sobre notas falsas ocorre justamente num momento em que cresce a quantidade de dinheiro em circulação no país. Segundo dados divulgados ontem pelo BC, a base monetária (papel-moeda em poder do público e em reservas bancárias) atingiu em setembro, pela primeira vez, a marca de R$100 bilhões. É um montante 21,5% superior ao do mesmo mês do ano passado. Só em notas e moedas, são R$70,88 bilhões.
Esse avanço ocorreu, principalmente, devido ao forte ingresso de recursos externos no país, via exportações e aplicações financeiras. Só em setembro, as operações do setor externo tiveram um impacto de R$3,23 bilhões na base monetária. Além disso, para evitar uma apreciação excessiva do real, o BC tem comprado dólares dos bancos, injetando mais reais na economia. Mas, na avaliação de economistas, o excesso de dinheiro em circulação não oferece riscos para a inflação:
- Essa liqüidez está concentrada nos bancos. Não houve um aumento de renda real que pressione a demanda. E as taxas de juros ainda estão muito altas. O crédito cresceu, porém é caro - explica Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC.
De qualquer maneira, a liqüidez nos bancos é tão alta que o BC tem diariamente retirado um excesso de recursos do mercado. E as taxas de juros cobradas pelos bancos têm ficado abaixo da meta definida no mês passado pelo Banco Central, que é de 13,75% ao ano.
- A Selic (taxa básica de juros) no mercado está variando entre 13,66% e 13,67% ao ano - afirma Carlos Cintra, do Banco Prosper. (Luciana Rodrigues)