Título: GOVERNO VIROU CÓDIGO PENAL¿
Autor: Ricardo Galhardo e Plinio Teodoro
Fonte: O Globo, 26/10/2006, O País, p. 3

Alckmin ataca Lula; FH diz que petista tem de `aprender a ser homem¿ e dizer a verdade

Cercado por dirigentes de todos os partidos coligados, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, fez do último comício de campanha, ontem à noite, palco para críticas ao seu adversário no segundo turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Num palanque no Vale do Anhangabaú, Alckmin pediu um basta à corrupção e à roubalheira.

¿ Vamos varrer a corrupção e a praga da roubalheira. O PT e o governo viraram um Código Penal ambulante ¿ disse ele ao falar dos escândalos no governo federal.

De olho nos simpatizantes de Heloísa Helena, candidata do PSOL que terminou em terceiro lugar com 6,5 milhões de votos no primeiro turno, o tucano argumentou que, se eleito, terá a ¿coragem moral¿ da senadora.

O comando do PSDB tenta atrair o eleitor do PSOL e reverter o quadro desfavorável nas pesquisas, que dão a Lula vantagem de cerca de 20 pontos percentuais sobre Alckmin.

¿ Ter a coragem moral da Heloísa Helena será meu compromisso. Meu governo não será o da patota, que expulsa quem expressa pensamento diferente ¿ disse ele, que chegou de helicóptero ao Anhangabaú.

Segundo a PM, o público era de cinco mil pessoas. Segundo o PSDB, de 20 mil. Dirigentes de partidos que apóiam Alckmin discursaram em tom beligerante contra o governo Lula. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que Lula precisa ¿aprender a ser homem¿ e dizer a verdade sobre o dossiê contra os tucanos que seria comprado por petistas ligados ao governo federal e à campanha presidencial.

¿ Ganhando ou perdendo, para mim o senhor (Lula) foi enterrado nos escombros dos escândalos ¿ disse ele, emendando críticas ao fato de o governo ter tentado barrar as CPIs dos Bingos e dos Correios. ¿ E o senhor vem dizer que nós estamos tentando jogar sujeira para debaixo do tapete. O tapete dele é que é voador. Está voando com as mentiras.

Fernando Henrique e Alckmin atacaram o fato de Lula ter hoje ao seu lado o ministro de governos militares Delfim Neto, que se sentou na primeira fila dom estúdio da TV Record no último debate entre os dois candidatos.

O ex-presidente foi o primeiro a lembrar da relação de Delfim com a ditadura.

¿ Lula já andou conosco e eu com ele em São Bernardo, mas hoje está de mãos dadas com o Delfim, que era algoz da época da ditadura. O Lula matou tudo o que de bonito representava quando se juntou com o que tem de pior no Brasil ¿ disse Fernando Henrique.

¿ Hoje o mentor do Lula é o Delfim, um nome do AI-5 ¿ emendou Alckmin.

Não foram ao comício os governadores de Minas, Aécio Neves, e de Goiás, Marconi Perilo. No palanque, estavam os presidentes nacionais do PSDB, Tasso Jereissati, do PFL, Jorge Bornhausen, e do PPS, Roberto Freire, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, e o governador de São Paulo, Claudio Lembo (PFL).

O governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), foi suave nos ataques ao governo Lula. Optou por rebater declarações de petistas de que os tucanos pretendem vender estatais.

¿ Em política, é preciso olhar para o time ¿ disse ele, citando todos os colaboradores da campanha tucana.

Ao deixar o Anhangabaú, Alckmin enfrentou um empurra-empurra de simpatizantes que buscavam autógrafo. Cercado por assessores, entrou no mesmo táxi que usa desde o início da campanha e foi para casa.

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