Título: SERRA NEGA NEGOCIAÇÕES PARA ACORDO COM LULA
Autor: Ana Paula de Carvalho e Valmir Lima
Fonte: O Globo, 26/10/2006, O País, p. 12

Tudo mais é fantasia¿, diz tucano; Alckmin declara que as grandes mudanças na eleição ocorrem na reta final

CURITIBA e MANAUS. O governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), negou ontem, em Curitiba, que tenha iniciado negociações com representantes do presidente Lula juntamente com o governador de Minas, Aécio Neves, para pedir um reforço de caixa para obras nos estados governados por tucanos em troca de apoio político para Lula num possível segundo governo petista.

¿ Estou aqui para ajudar a conquistar votos para Alckmin no Brasil, e aqui no Paraná para Osmar Dias. Tudo mais é fantasia ¿ disse Serra, que voltou pela segunda vez esta semana à capital paranaense em campanha por Alckmin e pelo candidato ao governo do Paraná, Osmar Dias (PDT).

Serra disse que acredita no ¿poder da vontade e da mobilização¿ para Alckmin vencer.

¿ As coisas vão se concretizar no domingo ¿ disse ele, um pouco antes de voltar a São Paulo para o comício no Vale do Anhangabaú.

Perguntado sobre a possibilidade de seu partido pedir o impeachment do presidente Lula, Serra foi taxativo:

¿ A única coisa que acredito é na vitória de Alckmin. Estou trabalhando para isso. Tudo mais é para tirar foto e tirar a atenção das coisas relevantes.

Serra fez a caminhada sozinho na maior parte do percurso pelo calçadão de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana, sem a presença de Osmar Dias. Na metade do trajeto, o prefeito de Curitiba, Beto Richa, participou da caminhada, e justificou a ausência de Dias alegando que ele tinha ¿compromissos inadiáveis¿. Dias tinha a agenda tomada pelas entrevistas ao vivo para rádios, que teriam peso maior do que a presença ao lado do governador paulista.

Em Manaus, Geraldo Alckmin disse ontem que a diferença entre ele e o presidente Lula é menor do que os 22% apontados pela pesquisa Datafolha de terça-feira:

¿ Não vou dar números porque não é registrada, mas temos um tracking diário e a diferença não é grande; as grandes mudanças na eleição ocorrem agora, na reta final.

Alckmin: ¿Eficiência é o novo nome da ética¿

No discurso para uma platéia de 300 empresários, sindicalistas ligados à Força Sindical e estudantes do Senai, no Distrito Industrial de Manaus, o tucano voltou a criticar a corrupção no governo Lula:

¿ Não deveríamos nem falar em corrupção porque não roubar e não deixar roubar é obrigação. Eficiência é o novo nome da ética ¿ disse, ao responder a perguntas da platéia sobre como combater a corrupção num eventual governo.

O primeiro compromisso de Alckmin em Manaus foi um café da manhã com empresários de comunicação. Na ocasião ele pediu que os presentes se empenhassem para desfazer os boatos que a campanha do candidato adversário espalha de que o PSDB seria inimigo do estado do Amazonas e da Zona Franca de Manaus:

¿ É uma tal de Mentirobrás para enganar as pessoas. A gente aprende com os pais que não deve roubar e não deve mentir porque mentira tem pernas curtas.

O candidato assinou a carta-compromisso com o Amazonas, na qual promete ¿nunca permitir que Pólo Industrial de Manaus acabe por falta de produto incentivado¿. Os principais compromissos listados no documento são a refundação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), ligada à Presidência; a implantação de um pólo de biotecnologia em Manaus; o combate à pirataria e ao tráfico de drogas nas fronteiras do estado; o fortalecimento da indústria naval; e um estudo de viabilidade técnico-econômica para a implantação de um pólo de gás-químico no estado.

(*) Especial para O GLOBO