Título: MANTEGA PROMETE DESONERAÇÃO
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 26/10/2006, Economia, p. 27

Segundo ministro, uma das medidas prevê redução da CPMF

SÃO PAULO. A quatro dias das eleições, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que, em caso de vitória, o segundo mandato do presidente Lula será marcado pelo ¿social-desenvolvimentismo¿. O termo foi usado para definir mais investimentos nas políticas sociais com desoneração do setor produtivo. Segundo Mantega, a economia está preparada para uma fase ¿mais flexível¿ da política monetária sem mudanças ¿abruptas, choques ou pirotecnias¿. Sem dar detalhes, ele afirmou ainda que o governo planeja um programa de redução da carga tributária que seria apresentado até o fim do ano para ¿avaliação da sociedade¿.

¿ Vamos aprofundar a atual política econômica e entrar em uma fase de crescimento vigoroso. É agora que vai florescer o desenvolvimento do social-desenvolvimentista, que já está acontecendo, mas num estágio preliminar ¿ disse Mantega, após discursar para empresários e industriais reunidos pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

Entre as medidas para desonerar o setor industrial e compensar a valorização do real ¿ que, segundo Mantega, estão em preparação ¿ uma prevê a redução gradual da CPMF ¿ que, em tese, deveria valer até o fim de 2007. A CPMF representa receita anual de quase R$30 bilhões e, disse o ministro, uma redução mal planejada poderia trazer efeitos danosos às contas públicas.

¿ Não podemos abrir mão dela abruptamente. Não descarto uma redução, mas vamos fazer isso de forma planejada ¿ afirmou ele, acrescentando que, antes disso, o governo espera um alívio tributário por causa da aprovação da Lei Geral das Pequenas e Micro Empresas, em tramitação no Congresso.

Ministro enumera medidas para reduzir impacto do câmbio

Além de prometer a redução da carga, Mantega disse que o governo tem adotado medidas para diminuir o impacto do câmbio sobre a indústria. Entre essas iniciativas, listou o corte do custo financeiro via queda nos juros, aumento do crédito e ações para conter gastos correntes e ampliar investimentos públicos em infra-estrutura de transportes.

¿ Nosso desafio agora é crescer mais com o câmbio valorizado e enfrentar a globalização ¿ disse ele, reiterando que espera uma expansão do PIB acima de 5% no próximo ano.

Nas palavras de Mantega, com um crescimento acima de 5%, manutenção do superávit primário dentro da meta de 4,25% e continuidade na queda das taxas de juros seria possível atingir o déficit nominal zero antes do fim de uma eventual segunda gestão de Lula. Mantega afirmou ainda que o Brasil tem condições de atingir uma taxa de investimento em torno de 25% do PIB também até o fim de um eventual segundo mandato.

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