Título: PF INVESTIGA TRÊS CORRETORAS ALÉM DA VICATUR
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 27/10/2006, O País, p. 13

Centauro, de Florianópolis, Pioneer e Diskline, de São Paulo, também fizeram operações suspeitas

BRASÍLIA. Relatório reservado da Polícia Federal mostra que as investigações sobre a origem do R$1,7 milhão em dólares e reais usado por um grupo de petistas para comprar um dossiê contra tucanos não se restringem a uma devassa na corretora Vicatur, em Nova Iguaçu. Estão sob investigação também a Centauro Turismo e Câmbio, de Florianópolis, a Pioneer Corretora de Câmbio e a Diskline Câmbio e Turismo, ambas de São Paulo. As quatro corretoras fizeram várias operações de venda de dólares, consideradas suspeitas pelo Banco Central (BC), entre o fim de agosto e o início de setembro, fase crucial das negociações em torno do dossiê.

As suspeitas mais fortes nesta frente de investigação recaem sobre a Vicatur, mas também estão na mira da PF a Pioneer e a Diskline. Relatório do BC informa à polícia que as duas corretoras venderam dólares para a Show Bus Viagens entre agosto e setembro. A Show Bus não existe no endereço indicado nos papéis da Pioneer e Diskline, e a polícia suspeita que seria uma empresa fantasma e, como os laranjas encontrados nos arquivos da Vicatur, teria como objetivo a camuflagem das transações com dólares. Pelos dados do BC, a Diskline vendeu US$88 mil para a Show Bus em 29 e 30 de agosto. A empresa também aparece como compradora de US$182,9 mil da Pioneer na primeira semana de setembro.

A compra dos dólares, por um empresa supostamente fantasma, coincide com a fase de intensas negociações entre um grupo de petistas, chefiado por Jorge Lorenzetti, ex-coordenador do núcleo de inteligência da campanha à reeleição do presidente Lula. A PF também está fazendo uma operação pente-fino sobre a movimentação financeira da Centauro. A corretora comprou US$1,1 milhão entre agosto e setembro e não registrou no BC a venda destes dólares. A polícia investiga se a empresa pulverizou a venda em contratos de câmbio abaixo de US$10 mil para escapar da notificação obrigatória ao BC.

Com o rastreamento, a PF espera chegar à origem dos US$248,8 mil apreendidos em poder do advogado Gedimar Passos e Valdebran Padilha, no dia 15 de setembro em São Paulo, no fim das negociações do dossiê. O dinheiro fazia parte de um pacote de R$1,7 milhão que seria pago pelo dossiê. Parte dos dólares apreendidos, US$110 mil, estavam em notas seriadas. Com a ajuda do FBI, a PF descobriu que as notas seriadas entraram chegaram ao Brasil num lote de US$15 milhões comprados pelo Sofisa, um banco de São Paulo, numa agência do Commerzbak, em Miami, em 14 de agosto.

Com base nestas informações, a PF identificou nove empresas que compraram dólares do Sofisa.