Título: DESEMPREGO É O MENOR DESDE JANEIRO
Autor: Bruno Rosa
Fonte: O Globo, 27/10/2006, Economia, p. 32
Eleição gera aumento da ocupação. Renda cai 0,8% em relação a agosto
A preparação da indústria para atender à demanda do fim de ano e o efeito eleitoral fizeram a taxa de desemprego recuar de 10,6% em agosto para 10% em setembro. Trata-se do menor nível desde janeiro, quando o índice ficou em 9,2%. Por outro lado, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio real do trabalhador no mês passado apresentou queda de 0,8% em relação a agosto, influenciado pelo alto crescimento dos postos informais, típicos em anos de eleição. Na comparação com setembro do ano passado, houve alta de 2,7%.
Para Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, a queda no desemprego, em relação à População Economicamente Ativa (PEA), se deve a uma reação de 1,2% no mercado de trabalho, na comparação mensal. Em setembro, o contingente de desempregados nas seis regiões metropolitanas do país ficou em 2,292 milhões, com a entrada de 244 mil pessoas no mercado de trabalho. Nos últimos 12 meses, mais de 628 mil postos foram criados.
- O resultado é muito positivo. O processo eleitoral tem participação importante no nível de ocupação. É preciso esperar outubro e novembro para saber a real influência das eleições na queda do desemprego. Houve grande entrada de pessoas no mercado de trabalho sem carteira assinada, com rendimento bem inferior aos com carteira. A ocupação vem crescendo há quatro meses - afirmou Azeredo.
Em relação ao ano passado, aumentou a qualidade das vagas. Marcelo D'Avila, especialista em mercado de trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ressalta que os números da PME indicam avanço de 5,6% das vagas formais contra alta de apenas 1,5% nos empregos sem carteira. Segundo o economista, as vagas sem carteira assinada e as de conta própria cresceram 3% e 2,1%, respectivamente, em setembro ante agosto. No mesmo período, os postos com carteira subiram apenas 1%.
- Com os dados, conseguimos ver o impacto da eleição no rendimento médio real em setembro. As vagas informais têm salários cerca de 40% menores em relação aos empregados com carteira de trabalho. Quando olhamos os números do ano passado, vemos forte avanço na qualidade dos empregos. Por isso, os resultados são bons. Foram mais de 500 mil vagas nos dois últimos meses. A tendência deve continuar positiva nos próximos meses - disse D'Avila.
Indústria contratou 66 mil pessoas em setembro
O rendimento real médio do trabalhador em setembro foi de R$1.030,20, valor 0,8% menor na comparação com o mês anterior. Em relação a setembro de 2005, o aumento foi de 2,7%. Azeredo ainda ressalta que a queda no poder de compra foi puxada pelo recuo dos rendimentos de empregadores (-4,6%), sobretudo, nas regiões de São Paulo, Recife e Belo Horizonte. Apesar de apresentarem participação de apenas 4,8% no total de rendimentos da população ocupada, os salários médios desses trabalhadores são 63,2% superiores à média dos ocupados.
- O rendimento caiu ainda em razão do aumento da ocupação, uma vez que as pessoas que entram no mercado de trabalho tendem a ganhar salários menores - explicou Azeredo.
O maior número de vagas foi destinado ao grupo de serviços prestados a empresas - 4,1% mais em relação a agosto, com incremento de 118 mil postos. Em seguida, a indústria, com alta de 1,9% (66 mil vagas).
Das seis regiões metropolitanas analisadas pelo IBGE, Recife foi a que teve maior queda na taxa de desocupação: de 14,9%, em setembro, para 13,7%, em agosto. No Rio, passou de 8,5% para 7,8%, abaixo da média nacional. Em São Paulo recuou de 11,6% para 11,1%.
http://www.oglobo.com.br/economia