Título: MEIRELLES: NÃO HOUVE ERRO NA TAXA
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 27/10/2006, Economia, p. 33

Presidente do BC defende política monetária; Mantega se diz otimista

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem que a instituição não errou a mão na condução da política de reduções da Selic, a taxa básica de juros da economia. Para Meirelles, a atual velocidade de queda está adequada ao sucesso da política monetária do BC.

- Se achássemos que a taxa de juros poderia cair a uma velocidade maior, já teríamos feito - disse ele.

Meirelles considera que a política de controle da inflação está no caminho certo e que a taxa, embora abaixo da meta (4,5%), está dentro do intervalo de tolerância e consistente com as projeções do mercado. Para este ano, a previsão do BC é de que a inflação deverá ficar em 3,5%. Para 2007, no mesmo patamar ou um pouco mais, mas dentro da meta de 4,5%.

Meirelles voltou a dizer ainda que não há país no mundo que tenha alcançado expansão expressiva do PIB com taxas altas de inflação, citando os exemplos da China, Cingapura e Índia, que têm conseguido taxas de crescimento superiores aos índices de inflação.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem ter ficado satisfeito com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. Segundo ele, o documento mostrou que a economia está sólida e a inflação, sob controle. Ele, no entanto, não quis arriscar se o Banco Central fará uma nova redução de juros em sua próxima reunião, no fim de novembro, como o mercado dá como certo:

- O ministro da Fazenda não pode se pronunciar em relação a qual vai ser o corte do próximo Copom. O próprio Copom não sabe. Digamos apenas que eu sou muito otimista em relação à inflação.

Mantega destacou que esse quadro favorável ocorre em meio ao processo eleitoral, que em outras épocas poderia ter reflexos negativos.

- A campanha não influenciou em absolutamente nada a situação econômica do país. O risco-país encontra-se no seu mais baixo nível de todos os tempos e as taxas de juros estão caindo. Eu nunca vi um cenário econômico tão favorável no meio de uma eleição. Essa é uma equação excelente para qualquer candidato.