Título: PARA ESPECIALISTAS, CONFRONTO NÃO MUDA VOTOS
Autor: Paula Autran, Maia Menezes e Bernardo Mello Franco
Fonte: O Globo, 28/10/2006, O País, p. 4

Eleição estava decidida antes do início do confronto na TV, dizem

CAXAMBU (MG). Em clima de sessão de cinema, intelectuais de todo o país, reunidos no 30º Encontro Anual da Anpocs (Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisas em Ciências Sociais), em Caxambu, assistiram ontem à noite ao debate entre Geraldo Alckmin e o presidente Lula. Entre os 150 telespectadores, o cientista político André Marenco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disse que o formato do debate não favorecia a adoção de posturas agressivas por parte dos dois candidatos.

¿ Com a presença de eleitores no estúdio, fica mais complicado ser agressivo. Os candidatos foram muito burocráticos no início. E não disseram nada de novo sobre suas propostas ¿ afirmou.

Num tema ligado à academia, a educação, Alckmin saiu em desvantagem, na opinião do pesquisador Frederico Romão, da Universidade Federal de Sergipe.

¿ Alckmin fala como se seu partido nunca tivesse estado na Presidência. Concordo com a resposta de Lula de que os problemas da educação são históricos.

A sala com telão no Hotel Glória só ficou cheia no meio do primeiro bloco. Alguns intelectuais já haviam deixado a cidade. Outros preferiram ouvir música.

¿ A esta altura do campeonato, debate não muda nada. A eleição está resolvida para Lula. Ainda mais porque este tipo debate deixa o candidato muito preso. Acharia mais produtivo um modelo mais livre para discutir idéias ¿ disse Gildo Brandão, cientista político da USP.