Título: CESAR CRITICA TUCANOS E PREVÊ GOVERNO MEDÍOCRE
Autor: Cláudia Lamego
Fonte: O Globo, 28/10/2006, O País, p. 8

Prefeito, aliado de Alckmin, admite derrota ao chegar para debate; Freire prega oposição mais aguerrida

Antes do último debate entre os candidatos à Presidência, o prefeito Cesar Maia (PFL), aliado do tucano Geraldo Alckmin, admitiu acreditar que o petista Luiz Inácio Lula da Silva será reeleito. Em tom de derrota, ele fez previsões pessimistas para os próximos quatro anos.

¿ Vamos ter um governo medíocre e uma legislatura completamente estéril ¿ afirmou o prefeito, que assistiu ao debate entre os tucanos nos estúdios da TV Globo.

Ex-defensor da candidatura à Presidência do governador paulista eleito José Serra, Cesar disse que o PSDB errou ao avaliar que Alckmin tinha condições de impedir uma nova vitória de Lula nas urnas.

¿ O partido preferiu um candidato de melhor relacionamento com a máquina partidária do PSDB (Alckmin) a um mais competitivo (Serra). O Alckmin tem muitas virtudes, mas o PSDB fez uma avaliação equivocada do cenário ¿ disse o prefeito, que também deve ser derrotado no Rio, segundo as pesquisas, com a provável vitória de Sérgio Cabral (PMDB) sobre Denise Frossard (PPS).

¿Alckmin deveria ter viajado mais pelo país¿

Cesar criticou o comando de campanha de Alckmin que, em suas palavras, ¿desmontou o acelerador¿ que levou o tucano ao segundo turno da corrida presidencial. O pefelista disse que Alckmin deveria ter viajado mais pelo país e delegado a construção de alianças aos ¿burocratas do PSDB¿:

¿ Em vez de tirar fotos de terno e gravata com políticos, ele deveria ter viajado mais.

Também sobraram críticas à estratégia eleitoral do tucano no segundo turno.

¿ Em vez de correr para seu eleitorado de classe média com um discurso de ordem e família, Alckmin preferiu disputar o eleitorado de Lula ¿ criticou o prefeito, que se afastou da campanha depois que Alckmin posou para fotos com o casal Garotinho.

No mesmo tom pessimista quanto às chances eleitorais do tucano, o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, já sinalizava como deve ser a oposição no segundo mandato de Lula.

¿ A oposição será mais oposicionista neste segundo mandato, se a vitória do Lula se confirmar ¿ disse o deputado, lembrando que a oposição votou com a base governista algumas vezes.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder do partido de Alckmin no Senado, também embarcou no clima de ressaca pré-eleitoral.

¿ Não se faz uma campanha desse porte sem cometer equívocos ¿ disse Virgílio, sem explicar a que erros se referia. ¿ Geraldo é mais uma liderança de peso que se firma no cenário nacional.

Já reconhecendo a possível vitória de Lula, o senador baixou o tom dos ataques ao petista e afirmou que o povo é soberano para escolher o próximo presidente da República.

¿ Sou contra a forma preconceituosa de dizer que o povo não sabe votar. Não passo a mão na cabeça de corrupção, mas também não vou deixar de trabalhar com a governabilidade. Este período de luta feroz está terminando, mas o país permanece ¿ afirmou o líder do PSDB.