Título: ESTADO VIVERÁ ERA DO `ARRAESISMO HI-TECH¿, AFIRMA ASSESSOR
Autor: Leticia Lins
Fonte: O Globo, 29/10/2006, O País, p. 36

Campos percorre o estado há quatro anos para reconstruir o PSB

RECIFE. Na última sexta-feira, o comando da campanha do PSB contabilizava os apoios recebidos: 16 dos 25 deputados federais, 33 dos 49 estaduais, mais de 90 prefeitos, 106 vices, 208 ex prefeitos e mais de 1,2 mil vereadores. Os aliados mais próximos do candidato Eduardo Campos relatam que não foi uma conquista fácil. Em 1998, quando o seu avô, Miguel Arraes (PSB), foi derrotado para o governo do estado por uma diferença de mais de um milhão de votos, o partido e os apoios só faziam minguar. Quatro anos depois, o PSB só tinha seis prefeitos, dois deputados estaduais e dois federais: o próprio Arraes e o neto.

Desde então, Campos não parou de percorrer o estado com o objetivo que os assessores mais chegados chamam de ¿reconstrução da rede do arraesismo¿. Na realidade, uma reconstrução movida também a interesses pragmáticos e eleitorais. Em 2005, as pesquisas internas do PSB indicavam apenas 7% das intenções de voto para o socialista. A última rodada do Ibope indicava 60%, ou 65% dos votos válidos.

Para Jarbas, adversário é retorno a ¿passado tenebroso¿

Caso vença a eleição, como tudo indica, o governo de Pernambuco voltará aos tempos do arraesismo, como os pernambucanos chamam a opção dos governantes pelas camadas mais desfavorecidas da população, principalmente o campesinato. Mas de acordo com Evaldo Costa, coordenador de imprensa da campanha de Campos, a realidade hoje é diferente do passado:

¿ Teremos um arraesismo hi-tech. Chegou a hora da nova esquerda ¿ afirma.

Para Jarbas Vasconcelos e José Mendonça Filho, Campos representa o atraso, o ¿retorno a um passado tenebroso¿ que os pernambucanos não deveriam querer mais.

Durante a campanha, eles insistiram exaustivamente no tema, citando números de sua passagem pela Secretaria da Fazenda durante a gestão do avô quando, segundo o PFL e o PMDB, deixou o estado com grandes dívidas.

¿ Esse mantra cansado e repetido pelos nossos adversários não guarda relação com a realidade. Fizemos nossa campanha em cima de análises do momento histórico do país e do que ocorre no Nordeste. Demostramos a falta de compreensão deles de qual deve ser o rumo de desenvolvimento do país, qual a nosso papel nesse processo. Mostrei que devemos acabar com essa guerra fiscal e restabelecer a unificação em torno de projetos estruturantes para a região e para o país ¿ afirma Campos, referindo-se ao modelo implantado na última e na atual safra de governadores da região, que concediam enormes benefícios fiscais para atrair investimentos.