Título: CAMPOS PROMETE GOVERNO RENOVADOR EM PE
Autor: Leticia Lins
Fonte: O Globo, 29/10/2006, O País, p. 36
Candidato do PSB deve ser eleito hoje, com o apoio do PT, derrotando o governador Mendonça Filho, do PFL
RECIFE. Depois de visitar 174 dos 184 municípios, viajar 67 mil quilômetros ¿ distância 35 vezes maior do que o percurso entre Recife e Brasília ¿, perder 13 quilos, conseguir unificar as oposições e organizar uma frente com 18 partidos, o deputado Eduardo Campos (PSB) deverá ser eleito hoje governador de Pernambuco. Essa é a previsão dos três principais institutos de pesquisa que avaliaram o quadro eleitoral no estado e detectaram uma vantagem superior a 1 milhão de votos contra José Mendonça Filho (PFL), que disputa a reeleição.
Com passagens pela Assembléia Legislativa, Câmara Federal, Secretaria da Fazenda de Pernambuco e Ministério da Ciência e Tecnologia, o economista de 41 anos foi chamado pelos adversários de representante do ¿atraso¿, mas promete um governo ¿renovador¿.
Durante a propaganda eleitoral gratuita não passou recibo. Quando era criticado, designava um aliado para responder. Costumava dizer que enquanto os adversários destilavam ¿ódio¿, ele só tinha três palavras para o eleitor: ¿paz, amor e vitória¿. Sempre de bom humor, além de perder peso o socialista contraiu uma dermatite de contato, tantos foram os apertos de mão distribuídos na campanha.
Pontual, saía dirigindo o próprio carro em compromissos eleitorais, quando os assessores atrasavam. Transformou a busca pelo voto num exercício de disciplina. Apesar de gostar de beber nos momentos de lazer, mesmo que de forma moderada, encerrou a campanha sem uma dose de álcool. Durante a disputa, não dormiu mais de quatro horas por noite. Por isso, evitava beber ¿ mesmo quando solicitado pelos cabos eleitorais ¿ temendo que faltasse energia para o dia seguinte.
Campos começou a campanha comprimido na disputa entre as duas maiores forças políticas do estado. De um lado, a União por Pernambuco, cujo candidato, o governador José Mendonça Filho, teve um cabo eleitoral de peso, o ex-governador e senador eleito Jarbas Vasconcelos (PMDB). A União representa a coligação das maiores e mais tradicionais forças políticas do estado, representadas pelo PFL, PSDB, PMDB.
Do outro lado, havia a força do PT, que tinha candidato próprio, o ex-ministro Humberto Campos, contando com apoio da liderança mais emergente do partido no estado, o prefeito João Paulo Lima e Silva. Campos começou a campanha praticamente sozinho. Com um banquinho pintado de amarelo ¿ a tribuna 40 ¿ fazia comícios em feiras, mercados e esquinas mais movimentadas da região metropolitana. Foi o único candidato que não perdeu nenhum ponto nas pesquisas, ostentando crescimento lento e progressivo. No primeiro turno, Costa era tido como o nome que disputaria o segundo com Mendonça. Mas foi vencido pelo socialista, a quem declarou apoio formal logo após reconhecer a derrota.