Título: ROSEANA E JACKSON DISPUTAM VOTO A VOTO ELEIÇÃO MAIS ACIRRADA DO 2º TURNO
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 29/10/2006, O País, p. 37

No Maranhão, Ibope mostra empate com 50% das intenções de voto para cada um

SÃO LUÍS (MA). A exemplo de seu pai, o ex-presidente José Sarney, que pela primeira vez teve de suar a camisa para conseguir se reeleger senador pelo Amapá, a senadora Roseana Sarney (PFL-MA), surpreendida com a ida da eleição para o governo do Maranhão para o segundo turno, enfrenta hoje a disputa mais acirrada entre os dez estados que vão escolher seus governadores. Há 40 anos no comando do estado, a família Sarney corre o risco, pela primeira vez no período, de não eleger o novo governador maranhense.

Pesquisa Ibope concluída sexta-feira aumentou a ansiedade: Roseana e o seu adversário, o ex-prefeito de São Luís Jackson Lago, do PDT, apareceram com 50% dos votos válidos cada um. Antes da divulgação dessa pesquisa, Roseana tentava demonstrar tranqüilidade.

¿ Quem entra na política tem de estar preparado para ganhar ou para perder ¿ afirmou.

¿Não me sinto representante de uma oligarquia¿

E respondeu à crítica de que sua dificuldade é reflexo do fim da oligarquia no Maranhão:

¿ Sou política por ideal, não me sinto representante de uma oligarquia. Pelo contrário, sempre caminhei com as minhas próprias pernas e algumas vezes divergi de posições assumidas por meu pai, que aliás não disputa uma eleição no Maranhão há 28 anos.

Segundo seus aliados, Roseana teria conseguido se descolar da figura do pai quando foi eleita governadora do estado pela primeira vez em 1994 e reeleita em 1998. Mas essa imagem teria começado a ser desconstruída a partir da disputa municipal de 2004, quando apoiou a candidatura do cunhado Ricardo Murad, com quem passou anos brigada e de quem sofreu os mais fortes ataques em sua vida pública.

Na avaliação desses aliados, o apoio a Murad não teria sido aceito pelas eleitoras de Roseana, que a consideravam independente. Pior, teria ajudado a deflagrar entre os maranhenses um sentimento anti-Sarney.

Beneficiário desse sentimento, o pedetista Jackson Lago também não fica muito atrás quando o assunto é oligarquia. Ele foi prefeito de São Luís por nove anos ¿ o comando de seu grupo na capital já soma pelo menos 18 anos. Além disso, é a terceira eleição que disputa para o governo, não abrindo espaço para outros nomes do partido, conforme queixa de seus aliados.

¿ Representamos um sentimento de muitas correntes de pensamento, de muitas lideranças que desejam ver o Maranhão mudar ¿ afirma Jackson.

Em meio ao sufoco que passa, Roseana desafiou a cúpula do partido e declarou apoio à reeleição do presidente Lula, que já apoiara na eleição de 2002 depois de ter sua própria candidatura à Presidência destruída pelo escândalo da Lunus. A pedido de José Sarney, Lula dividiu seu palanque na última terça-feira com Roseana em comício em Timon, município maranhense que faz divisa como o Piauí.

Além do apelo para que os maranhenses votassem em Roseana, Lula ¿ que no primeiro turno teve 75% dos votos válidos do estado ¿ cedeu 200 mil ligações de telemarketing para a campanha de Roseana. Além disso, cinco consultores de marketing que trabalham com o publicitário João Santana, responsável pela campanha de Lula, passaram um dia inteiro reunido com Roseana neste segundo turno. José Sarney também levou para o Maranhão o marqueteiro André Torreta, que salvou sua candidatura no Amapá.

Jackson explorou críticas antigas de Lula a Sarney

Aliado antigo de Lula, Jackson Lago tentou pôr em dúvida a aliança entre o presidente e Roseana, exibindo antigas imagens em que o petista aparece criticando a família Sarney.

Ex-vice-governador de Roseana em seus dois governos, o atual governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares ¿ que rompeu com a família Sarney ¿ contribuiu para que a eleição tivesse segundo turno. Ele investiu em pelo menos três candidaturas ao governo contra a de Roseana: a do ex-ministro Edson Vidigal (PTB), a do tucano Aderson Lago e do ex-prefeito Jackson Lago. No segundo turno, demitiu 48 funcionários no município de Timon, entre eles todas as diretoras de escolas públicas estaduais e até o chefe de polícia, por terem aderido à campanha de Roseana.