Título: PRESIDENTE REELEITO CONVOCARÁ OS GOVERNADORES PARA AGENDA COMUM
Autor: Ilimar Franco, Alan Gripp e Henrique Gomes Batista
Fonte: O Globo, 30/10/2006, O País, p. 4

Argumento é de que boa relação ajudaria aliados e oposição nos estados

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O presidente reeleito, Luiz Inácio Lula da Silva, deve promover, nos próximos 15 dias, uma reunião com governadores para debater uma agenda comum. De um lado, Lula pode acenar tanto a aliados como aos da oposição com uma boa relação com o governo federal, o que ajudaria os novos governadores nas suas administrações. De outro, Lula, que não pode mais disputar outro mandato, deve esperar dos governadores tucanos de São Paulo, José Serra, e Minas, Aécio Neves, se não apoio no Congresso, pelo menos uma convivência mais pacífica do que a que marcou os dois últimos anos de seu primeiro mandato.

Depois de festejar ontem em São Paulo a conquista de sua reeleição, o presidente Lula volta hoje para Brasília para comandar pessoalmente as articulações políticas com os partidos ¿ tanto aliados como de oposição ¿ e a montagem do Ministério para o novo mandato. Lula deve passar o dia de hoje em reuniões com os principais ministros, no Palácio do Planalto.

Hoje, o presidente pretende ir para o Planalto logo pela manhã, onde deve receber telefonemas de vários outros chefes de Estado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já informou na sua agenda que passará o dia no Planalto.

O presidente, por conta do feriado prolongado desta semana, não deverá comparecer à Cúpula Ibero-Americana, que está marcada para sexta e sábado, no Uruguai. A idéia é que ele viaje para descansar já na quarta e só retorne na outra segunda, mas isso pode mudar porque o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defende que Lula compareça ao encontro.

Aliados do presidente que estiveram ontem São Paulo para acompanhar a apuração dos votos ao seu lado em um hotel defenderam o encontro com os governadores como um gesto de boa vontade. Segundo o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, que ocupava as funções de coordenador político do Palácio do Planalto até deixar a função para disputar o governo da Bahia, o presidente Lula deve passar os próximos cinco dias descansando. Ele não soube informar para onde o presidente iria.

Lula, fora do páreo de 2010, pode se aproximar de tucanos

Depois disso, o petista defende que Lula tenha um encontro com os governadores, mesmo que seja apenas com os mais próximos ou com os de determinadas regiões.

¿ Pode ter alguma coisa de articulação política (na semana que vem), mas teremos de esperar ele voltar. E é bom também para baixar a poeira. Eu, pessoalmente, sou favorável a que ele faça uma reunião com os governadores mais ligados a ele ¿ explicou o governador.

Wagner ponderou que a responsabilidade dos governadores é com a suas administrações. No PSDB, tucanos próximos de Serra e Aécio lembram também que o fato de Lula não ser candidato em 2010 também deve facilitar a relação com Serra e Aécio. O petista baiano não acredita que os governadores tucanos terão interesse em manter uma guerra com o governo federal no Congresso.

¿ Só quem vai continuar brigando são os derrotados e depois de algum tempo isso não reverbera mais ¿ diz Wagner.

O governador eleito da Bahia se juntou ontem a petistas, aliados e auxiliares do presidente, como o ministro Celso Amorim e o publicitário João Santana, para acompanhar com ele no Hotel Intercontinental, em São Paulo, a apuração do resultado das eleições.

Segundo Wagner, o resultado das urnas deve provocar mudanças na estrutura de poder do PT. Ele evitou atacar diretamente o excesso de paulistas na direção partidária, mas disse que a nova composição deve ter como critério o resultado eleitoral.

¿ A geografia política das urnas deve se refletir na composição da direção partidária ¿ defendeu Wagner.

(*) Enviado especial