Título: HELOÍSA JUSTIFICA; CRISTOVAM APÓIA TUCANO
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 30/10/2006, O País, p. 5
Em Alagoas, nem ela nem Fernando Collor aparecem para votar
MACEIÓ e BRASÍLIA. Entre os 1,8 milhões de eleitores alagoanos, dois chamaram a atenção porque justificaram seus votos: a senadora Heloísa Helena, candidata derrotada do PSOL à Presidência, e o senador eleito Fernando Collor, ex-presidente da República.
Heloísa se refugiou em casa de parentes no município de Palmeira dos Índios. E aconselhou dirigentes de seu partido em Alagoas a votar nulo. Eleito para a vaga de Heloísa, Collor criou grande confusão. Seus assessores disseram que ele tinha chegado de Nova York. Mas a suplente de Collor, sua prima Ada Mello, confirmou que ele estava nos EUA com a mulher e as filhas gêmeas. Collor, antes de viajar, declarou voto no presidente Lula e ironizou Alckmin.
Em Brasília, contrariando orientação partidária, o candidato derrotado do PDT à Presidência, senador Cristovam Buarque (DF), abriu o voto em Geraldo Alckmin. Ele negou que tenha agido movido por mágoa do presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva, que o demitiu do Ministério da Educação por telefone, em janeiro de 2004.
¿ Cumpri a determinação do partido de não fazer campanha, não ir para palanque, não aparecer na TV. Mas o voto eu não tinha o direito de esconder. Quem tem direito a dizer que voto é secreto é o eleitor comum. Mas quem foi candidato a presidente, é senador, tem liderança, não pode se esconder.
Cristovam declarou apoio a Alckmin após votar numa escola em Brasília:
¿ Votei na alternância. As duas propostas são muito parecidas. Mas creio que a alternância é positiva para a democracia. Sempre fui contra a reeleição ¿ afirmou ele, que tentou se reeleger governador do Distrito Federal em 1998, sem sucesso.
Cristovam é contra ¿terceiro turno¿
Apesar do apoio ao tucano, o senador deixou claro que é contrário a um eventual terceiro turno, ou seja, a disposição de setores da oposição de tirar Lula da Presidência na Justiça, caso seja comprovado seu envolvimento em fraudes eleitorais.
¿ Não defendo o terceiro turno, como não defendo o terceiro mandato ¿ disse Cristovam, referindo-se ao temor de que Lula proponha alterações na Constituição para permitir uma nova reeleição.