Título: FROSSARD SE `ESQUECE¿ DE VOTAR EM ALCKMIN
Autor: Cláudia Lamego e Bernardo Mello Franco
Fonte: O Globo, 30/10/2006, O País, p. 24

Candidata, que ameaçara anular por causa de apoio de Garotinho ao tucano, diz que achou que ele já estava eleito

A candidata derrotada ao governo do Rio, Denise Frossard (PPS), quase cumpriu ontem a promessa de não votar no tucano Geraldo Alckmin no segundo turno. Ela deixou a cabine de votação depois de confirmar o voto para governador, posou para fotos fazendo com os dedos o seu número, o 23, e já se preparava para deixar a zona eleitoral quando foi alertada por uma das mesárias de que não concluíra a votação. Voltou à cabine e disse ter teclado o 45. Logo após o primeiro turno, Frossard se irritou com o apoio de Anthony Garotinho ao tucano e afirmou que votaria nulo, mas voltou atrás, sob pressão do presidente do PPS, Roberto Freire:

¿ Não foi esquecimento. Votei em mim, fiquei emocionada quando vi o 23 e achei que o Alckmin já tinha ganho para presidente no primeiro turno. Depois me lembrei de que haveria o segundo turno. Votei 23 e 45. Aquilo foi um reflexo ¿ tentou explicar.

A deputada demonstrou certa mágoa ao dizer por que não se encontrou com Alckmin no sábado de manhã, no Rio. Os dois alomoçariam juntos num restaurante na Zona Sul do Rio:

¿ Fui convidada pelo deputado Rodrigo Maia. Eu estava em Niterói aguardando o encontro, que seria das 11h30m às 12h. O próprio Rodrigo esteve em Niterói e disse que estava cancelado porque o PSDB tinha resolvido fazer outra agenda. Por isso é que não voltei.

À noite, ao reconhecer a derrota, Frossard demonstrou que pretende liderar a oposição a Cabral no estado:

¿ Desejamos que o Rio de Janeiro seja conduzido com seriedade. De nossa parte, hoje já formamos um grupo. O Rio está atento e vamos continuar levando nossa mensagem.

Na entrevista, de apenas cinco minutos, a deputada evitou pronunciar o nome do governador eleito. Apesar do resultado, ela disse se considerar vencedora na eleição:

¿ Chegamos a 32% dos votos. É uma vitória política. Saímos maiores do que entramos.

A candidata começou o dia bem cedo, assistindo a uma missa às 7h30m, no Leblon. Da igreja, foi a pé até o local de votação, uma escola no bairro. No caminho, encontrou eleitores e posou para fotos com eles. A todo momento, era parada por motoristas de ônibus, taxistas e moradores que a cumprimentavam e diziam que tinham votado nela. Ela tentou demonstrar otimismo, dizendo que pesquisa não é eleição. Mesmo sem admitir a derrota, disse que o candidato que ganhar terá a oposição do adversário:

¿ Quem ganhar a eleição fique sabendo que, do outro lado, tem uma tese ao contrário. Quem sair vencedor vai governar com essa tese contrária lhe cobrando o tempo todo.

Missa, voto e pão com ovo na padaria

Numa avaliação de sua campanha, Frossard disse que teve dificuldades financeiras e voltou a atacar as alianças feitas por Sérgio Cabral (PMDB).

¿ Foi uma campanha alegre, mas absolutamente sem recurso. Chegamos ao segundo turno e lutamos contra a máquina de uma agregação de forças muito forte. É uma maneira equivocada de fazer alianças ¿ disse Frossard, sem querer adiantar seus planos para 2008.

A candidata repetiu ontem o ritual do primeiro turno: assistiu à missa na Paróquia Santos Anjos, seguiu a pé para o local de votação e, em seguida, também a pé, foi até a padaria Rio Lisboa, onde tomou café com leite e comeu pão com ovo.