Título: GOVERNO TERÁ DE NEGOCIAR REFORMAS
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: O Globo, 31/10/2006, O País, p. 9

BRASÍLIA. Mesmo se os aliados do presidente Lula renovarem o apoio a ele, a bancada governista que toma posse em 2007 pode ser menor do que a atual, estimada em 300 deputados. O número dá ao Planalto maioria simples, mas não suficiente para aprovar reformas constitucionais (308 votos). A oposição aumentou a bancada e, embora não ameace a maioria governista, tem votos suficientes para criar CPIs ¿ tanto na Câmara (mínimo de 171 votos) quanto no Senado (27 votos).

Para aprovar as reformas tributária ou política, por exemplo, o governo precisará fechar acordos com a oposição. Até fevereiro de 2007, quando toma posse a nova Câmara, poderá ocorrer o tradicional troca-troca de partidos. Lula tem aliados para influenciar votos: 16 governadores eleitos com sua bênção.

Considerando os acordos feitos até aqui, o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) estima que a bancada governista em 2007 tenha, na melhor das hipóteses, 307 deputados. A conta inclui PT, PCdoB, PSB, PP, PL, PTB, PSC e parte do PMDB. Mas o apoio ao governo não é consenso nas legendas, e o PMDB, dono da maior bancada (89 deputados), continua dividido. Estima-se que entre 60% e 80% dos peemedebistas marchem com o governo. O governo ensaia reaproximação com PV e PDT, que elegeram 37 representantes. A oposição começará o ano com um número entre 160 e 200 votos, dependendo das negociações que começam agora.

¿ A oposição está ressentida, mas há predisposição de renegociar as dívidas dos estados e os governadores poderão sensibilizar as bancadas para apoiar o governo em alguns temas ¿ diz o analista Antônio Augusto de Queiróz, do Diap.