Título: Corte de R$3 bi como meta
Autor: Fábio Vasconcellos
Fonte: O Globo, 31/10/2006, Rio, p. 16
Cabral anuncia que pretende reduzir despesas de custeio e diminuir número de secretarias
No primeiro dia após ser eleito governador do Rio, Sérgio Cabral disse ontem que tem como meta um corte de cerca de R$3 bilhões nas despesas de custeio do governo, que chegaram a R$5,5 bilhões no ano passado. Segundo ele, no novo organograma da administração do estado, será reduzido o número de secretarias, que pode chegar a 15. Atualmente, são 27, sem contar o Gabinete Civil, a Procuradoria Geral e a Defensoria Pública. Pelo menos um secretário está praticamente confirmado: o tesoureiro de campanha de Cabral e seu suplente no Senado, Régis Fichtner, vai assumir o Gabinete Civil, que poderá ganhar outra denominação. Ele assumirá ainda as funções da Secretaria de Governo, que será extinta. Fichtner está na equipe de transição.
Cabral já tem em mãos o novo organograma do estado, elaborado por sua equipe. A estrutura seria semelhante à do governo de Minas Gerais, que tem 17 secretarias. Essa é uma das medidas do governador eleito para racionalizar os gastos, havendo ainda a previsão de cortes no número de cargos comissionados. De acordo com o relatório das contas de gestão de 2005 da governadora Rosinha Garotinho, o governo, no ano passado, gastou R$4,1 bilhões com serviços de terceiros e outros R$615 milhões com despesas de material de consumo.
O pagamento a servidores consumiu R$7,3 bilhões, considerando-se os concursados e os ocupantes de cargos comissionados. Pelo fato de o governo estar com gastos elevados, sobram menos recursos para investimentos, que, em 2005, por exemplo, chegaram a 1,3 bilhão, menos de 5% da arrecadação do estado.
Cabral trata hoje de equipe de transição
Para aumentar a verba para investimentos, o novo governador depende também de outros poderes, como a Assembléia Legislativa (Alerj) e o Tribunal de Contas do Rio. Como O GLOBO noticiou este mês, esses dois órgãos pretendem gastar, em 2007, mais que o estado de São Paulo, mesmo com o corte de R$68 milhões que fizeram .
¿ Acho que esses poderes estão conscientes dessa necessidade (redução de gastos) ¿ afirmou Cabral.
Os novos secretários serão anunciados nos próximos dois meses, mas, de acordo com o governador, eles deverão ter muito conhecimento da área em que vão atuar:
¿ Vou montar minha equipe a partir do critério técnico e da eficiência. Você tem o técnico sem capacidade de liderança e você tem o líder que às vezes não tem o conhecimento técnico. Nós vamos buscar aqueles que tenham essa combinação, que é muito poderosa. Nós vamos diminuir efetivamente o numero de secretarias do governo ¿ afirmou Cabral.
Hoje, o governador eleito terá um encontro com a governadora Rosinha Garotinho. Eles vão tratar da formação da equipe de transição. À tarde, Cabral segue para Brasília, onde vai parabenizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela reeleição. Estava programado um encontro com o prefeito Cesar Maia amanhã, mas, como ele viajou para Nicarágua, a reunião ficou para a próxima semana.
Embora negue que vá tratar de assuntos administrativos com Lula, Sérgio Cabral admite que há pontos importantes a serem discutidos nas próximas semanas. Um deles seria a renegociação da dívida do estado com a União. Todos os anos, o Rio paga, dessa dívida, cerca de R$3 bilhões. Cabral voltou a falar num governo de parceria com a prefeitura e o governo federal.
¿ A conversa com o presidente Lula se dará em torno de uma visita de cortesia. Em seguida, em torno de uma agenda para o Rio. Os Jogos Pan-Americanos são o maior desafio nos primeiros seis meses de governo. E nós temos que trabalhar de maneira coesa, organizada. Governos federal, estadual e municipal.
COLABOROU: Dimmi Amora